O Presidente da República, mas também o Governo, já amenizou a provável preocupação nacional com a duplicação do número de contagiados, nos próximos dias. Por 8 ou 10 mil que sejam, diariamente, nenhuma linha vermelha será atingida ou ultrapassada, garantem. O que conta, agora, é o número de mortos e de internamentos.
Estamos com uma incidência por 100 mil habitantes igual à da Alemanha, cuja chanceler, no seu último dia, anunciou duras medidas restritivas, e o desejo de tornar a vacina obrigatória. É verdade que temos quase mais 20% de vacinados, o que descansa as nossas autoridades.
A DGS, e por extensão o Governo, e por reação o PR, adotou uma nova técnica comunicacional, desconcertante, mas eficaz. Antecipa o número de contagiados, mesmo que dupliquem, ou tripliquem, e com isso desarma o choque e a inquietação.
Dizer antes, em jeito de conversa informal, o que vai acontecer – será que a DGS já conhece os números e vai administrando em doses diárias? – tem sempre um efeito sedativo, se acompanhado por uma exclamação factual: mas só foram internados 100 ou 200, ou pouco mais, e uma meia dúzia de mortos.
Tranquilos, por isso. Se eles estão, nós também. Há uma azáfama por essa Europa fora, e até Biden pondera se deve confinar, mas em Portugal nada a assinalar, que não seja a vulgar e banal dizimação das pessoas com mais de 70 anos. Saberá o Governo, ou o PR, quantas pessoas morrem, por dia, em Portugal? 246, ontem! A maioria substancial, outra vez, acima dos 70. Um dia destes, com o vírus a ajudar, temos um país novinho em folha. Sem idosos, sem lares, sem chatices.
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