Em primeiro lugar, e para que exista reconhecimento, e justiça, Rui Rio aceitou, mesmo não querendo, inicialmente, antecipar as diretas e o Congresso, e esse gesto deu-lhe grandeza e elevou-o ao estatuto de um verdadeiro líder do PSD. Mesmo que as datas não coincidam com as suas propostas, por decisão do Conselho Nacional, o que conta, e fica, é que Rio aceitou que a liderança do PSD teria de ir a eleições, a 30 de janeiro, com a sua legitimidade garantida e renovada. Sem truques administrativos, nem atrapalhações de calendário.
Agora, como teria de ser, os militantes do PSD vão dizer quem querem a enfrentar António Costa, e a disputar, em igualdade, a chefia de um Governo. O PSD não pode aspirar a menos. É um combate extraordinariamente difícil, dizem as sondagens, mas não há outro caminho para quem pretende manter-se como alternativa legítima de poder. Em 20 anos, o PSD só esteve 6 no Governo, e essa secundarização não se pode eternizar. A acontecer, a manter-se, outros ocuparão, gradualmente, esse espaço.
A escolha dos militantes é muito simples: ou Rui Rio, que conhecem dos últimos anos, muito colocado no centro-esquerda, próximo do PS, e sempre disponível para alinhar com as grandes reformas socialistas, ou Paulo Rangel, mais acertado com os fundamentos ideológicos e fundacionais do PSD, no centro-direita, e disponível para tirar votos ao PS, mas também ao CDS, à Iniciativa Liberal e ao Chega. Historicamente, o PSD só vingou, e ganhou, quando se colocou nesse terreno estratégico, que sempre foi o seu.
Há, ainda, uma outra ponderação que os sociais-democratas deverão fazer: desde que é líder, Rio perdeu todas as eleições, incluindo as legislativas de 2019. Poderá ser à quarta? Só em janeiro se verá. Uma coisa parece óbvia: o PSD está farto de perder, quer mudar, ser alternativa, e esse sinal, mesmo antes da crise política, foi dado com o avanço de Paulo Rangel. Como está, como estava, não pode continuar. Sob pena de ficar cada vez mais mirradinho. Encolhidinho.