O discurso de posse de Carlos Moedas, como presidente da Câmara Municipal de Lisboa, é um exemplo eficaz de um programa governativo local, mas que poderia, e deveria, ser transposto para o nível nacional. É visível nas promessas mais importantes, como os transportes públicos gratuitos para os jovens e mais velhos, a redução do IRS, a preocupação com transparência, e a aposta na sustentabilidade e mobilidade. Foi, de alguma forma, esta novidade de discurso, que poderia ser nacionalizado, que deu a vitória a Carlos Moedas.
E é essa mudança, ou esse sentimento, ou essa necessidade, que se viu, e percebeu, nas figuras políticas de alto relevo do PSD, incluindo o seu ainda presidente, mas também o candidato, Paulo Rangel e, acima de tudo, a inesperada bênção de Cavaco Silva ao novo presidente da CML. Cavaco anseia, como escreveu, por uma oposição forte, e não débil, mais ativa, e nada frouxa, ao Governo do Partido Socialista.
Se Rio leu bem o que aconteceu na Praça do Município, e percebeu o sentido do discurso de Moedas, então não arriscará recandidatar-se à liderança do PSD. Mas sendo teimoso – e isso até é muito importante para uma legitimidade reforçada de Paulo Rangel – Rui Rio deverá estar mais para cá, do que virado para lá. Mais para ir, do que sair. Seja como for, a disputa pela liderança tem mesmo de mostrar que há dois caminhos para o PSD: continuar como está, à espera que o PS caia de velho, ou recolocar o partido na sua faixa ideológica, de centro e direita, e introduzir o discurso de mudança, de novidade, de alternativa, e de vigorosa cadência. E isso consegue Paulo Rangel.
Moedas abriu a porta, iniciou o movimento, e essa vantagem não pode ser perdida, esquecida, abandonada. Os portugueses querem mudar de vida, estão fartos das mesmas mezinhas (leia-se OE 2022), de desculpas e de receitas ultrapassadas. Ao ganhar Lisboa, e ao nacionalizar os objetivos políticos e económicos, Moedas mostrou que é possível mudar, mesmo quando a presença socialista parece ser tão avassaladora. Quem ganha Lisboa, ganha o país. Santana deu o país a Durão, e Moedas quer o PSD no Poder.
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