Rui Rio está a secar. A ficar sem água. A perder as nascentes. Acredita numa crise política, ou quer acreditar, e adivinha nela a sua chegada ao Poder. Cada um acredita no que quer, ou que deseja que aconteça, mas convém bater certo com a realidade. Olhando para todos os cenários possíveis, e impossíveis, não há Rio que transborde:
- Adiamento das eleições e Congresso do PSD. Qual é o sentido e a estratégia? Em vez de adiar, na verdade, o que o PSD deveria fazer era apressar. Um líder em fim de mandato, sem ser relegitimado, não estará nas melhores condições para enfrentar umas legislativas antecipadas. Se acha que vai haver uma crise, que o Governo vai cair, então o PSD que se clarifique urgentemente. Isso só potencia o novo, ou o mesmo líder. É a plataforma certa para começar a campanha eleitoral, apresentar um programa de Governo, e dizer que Orçamento vamos ter. Tudo ao contrário.
- O Governo cai, o Presidente convoca eleições, e o PSD vai como está. É o pior de todos os cenários, e aquele em que o PSD, sem Congresso, nunca deveria desejar. A acontecer, António Costa seria a vítima, num período ainda muito complicado para o país, que entraria em gestão corrente. Era o ideal para o PS, que voltaria a ganhar as eleições. Com piores resultados, claro, mas vencedor. Só nessa altura, então, é que o PSD convocaria o Congresso. Quem viesse – porque aí Rio já não desaguava – teria de esperar mais uns anos para chegar ao Poder.
- Não há crise, o Orçamento é aprovado, com todas as propostas do PCP, ou do Bloco, ou em conjunto. Assim, também Rio ficará sem uma gota. Que dirá a oposição interna? Perdemos tempo, mais uma estratégia errada, chegou o momento de se mudar de líder. Rui Rio, que é um homem muito inteligente, e intelectualmente direto e transparente, saberia, à distância, que a sua liderança estava esgotada. Nenhum dos cenários o ajuda: adia e perde, ou está perdido porque adiou. Será que nunca pensou que avançar o Congresso seria a melhor estratégia política?
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