Biden, presidente há 9 meses, com a maioria no Congresso, está incapaz de unificar o seu partido, de acalmar os democratas esquerdistas, e de enviar sinais fortes, para os americanos e para o mundo, de que a Casa Branca está no controlo da agenda interna e externa. Biden é um homem perdido, cercado, apertado, e a braços com uma revolta no Congresso, de membros do seu partido, que se guerreiam por duas decisões críticas para os EUA. Até ao dia 18, mas de preferência imediatamente, o Congresso tem de aprovar o aumento do teto da dívida, ou suspender esse limite, e em condições normais, para quem domina as duas câmaras, seria um não assunto. Longe disso.
Os extremistas do Partido Democrata só aceitam fazer isso – é a fase da chantagem – se os seus colegas mais moderados aprovarem a lei de infraestruturas, que vai custar 3.5T triliões de dólares. Para os primeiros, esse custo é neutral, porque se aumentam os impostos às pessoas, famílias e empresas, mas os outros representantes e senadores democratas rejeitam essa «loucura». Querem um compromisso, cerca de metade dessa verba, mas não há forma de chegaram a um acordo.
Biden, em desespero, percebendo os sinais de instabilidade económica – um grande banco até já tem planos para a hipótese de «default» da maior economia do mundo – apela aos republicanos, de joelhos, que viabilizem, por favor, o aumento da dívida, para ter tempo de seduzir os seus camaradas. É absolutamente impensável que um presidente, com duas maiorias, não tenha força política no seu próprio partido. Esta chantagem dos novos e velhos esquerdistas, liderados por Bernie Sanders, é o exemplo definitivo de que o centro do poder dos EUA está no Congresso, e não na Presidência. Eles, os democratas, não querem saber de Biden.
A juntar a esta incapacidade interna – que se vai resolver, obviamente, nem que seja com a ajuda dos republicanos – vem a falta de vontade e de determinação da Casa Branca, nos assuntos externos. Essa perceção agigantou-se com as trapalhadas do Afeganistão. A China está claramente a provocar Taiwan, com permanentes incursões de caças e bombardeiros no seu espaço aéreo, e Taipé começa a duvidar que a Casa Branca continue a assegurar a proteção total do seu território. Biden, sobre estas provocação, deliberadas, para o testarem, não diz coisa nenhuma, nem faz, sequer, um simples aviso: os EUA continuam a garantir a independência de Taiwan. Esta fraqueza tem outros custos: o Irão está à beira de ter uma arma nuclear, e a Coreia do Norte lança mísseis sempre que o querido líder acorda bem-disposto. Como é possível, em apenas nove meses, ter uma Casa Branca tão ineficaz, incoerente, e sem nenhum peso interno e externo?