Não é Rui Rio, mas Carlos Moedas. É inegável. A vitória em Lisboa, ou o feito de ter conseguido derrubar Fernando Medina, e ser o novo presidenta da Câmara, de onde saíram presidentes e primeiro-ministros, colocam Carlos Moedas na invejável e inesperada posição de ter nacionalizado as eleições, e ser o potencial líder do PSD. Esta é que é uma vitória pessoal e não transmissível.
Sozinho, com sondagens a dar-lhe um resultado humilhante, conseguiu, dia a dia, tirar votos a Medina, e deixar o PS, e o seu secretário-geral, numa posição de fragilidade que não queria, nem antecipava. A derrota é de Medina, mas também, e pesadamente, de António Costa. Qualquer um dos dois, em particular o ainda presidente da CML, olhou para Moedas com alguma arrogância, e displicência, e isso pagou-se caro.
A partir de hoje, a realidade política mudou. O PS e o Governo estão mais fragilizados, perceberam que há cansaço nos eleitores, e António Costa tem de parar, para pensar no que poderá acontecer em 2023. E conviria olhar para o PSD, e particularmente com a emergência de Carlos Moedas, em quem ninguém apostou para se colocar na melhor posição para ser líder do partido.
Rui Rio não morreu na noite eleitoral, os opositores internos perderam força, mas tudo é sugado com a vitória de Lisboa. O PSD, em boa verdade, ficou nas mãos de Moedas, e só dele vai depender quem será o próximo líder do PSD, para as legislativas em 2023. Moedas tem, rapidamente, de mostrar a mudança que quer para Lisboa, e desse patamar olhar para o país.
O PS, agora, tem dois problemas complicados: o Governo de minoria perde peso político, e isso vai refletir-se na AR, e nas negociações para o Orçamento de 2022. E cheira a cansaço dos socialistas. O PRR não surtiu nenhum efeito, talvez até o contrário, e o desgaste destes dois anos intensos estão a pesar no executivo. Há uma nova vida. O Governo não percebeu que a pandemia desligou os eleitores dos governantes, e que a crise económica e financeira não se resolverá com o PRR.
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