À conta da bazuca, arma obsoleta e com prazo expirado, António Costa está a dar um bailarico à oposição. Cada vez que ele a empunha, eles ficam amarelos de raiva. Só falam dela. Alinham no arraial. Velhinha, mas muito eficaz. Basta mostrar, invocar, lembrar, e o medo alastra. É o único tema desta campanha autárquica. E Costa, que já a tinha muito antes das eleições, não se incomoda em usá-la. E os outros, furiosos, não a largam. À bazuca, claro. Não fosse a dita, e não haveria campanha.
António Costa é que sabe. Sempre com a bazuca às costas, pronta para disparar, num frenesim pelo país, e os outros vão na conversa. Será que nunca perceberam, os outros partidos, que quanto mais falam da bazuca, melhor será para o PS? Melhor é impossível, para o líder socialista. Acima do que esperava. Mais útil do que pensava. E indignados e furiosos, os líderes da oposição, quase todos, não param de lhe dar corda. Ao foguetório.
Cada um usa as armas que tem. É verdade que a bazuca está em extinção, nos países e exércitos mais modernos – a moda agora é o «Javelin», um míssil antitanque – mas à falta de um plano financeiro grandioso, e decisivo, usa-se o velhinho lança foguetes. Afinal ainda funciona. E muito bem. E com grande precisão. E provoca vítimas.
O primeiro-ministro, que também é secretário-geral do PS, e vice-versa, tem uma sorte danada: não fosse esta arma, e a campanha seria um enfado, um aborrecimento, um lapso entediante. Antes uma bazuca no arsenal, do que coisa nenhuma. Ou uma fisga. E é isso que inquieta, enfurece e irrita os outros partidos. Que não largam. Que só animam o PS. Que continuam a bailar.
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