As eleições autárquicas, em particular estas, vão ter vários elementos adversos, imponderáveis, que podem ter influência importante, e até pesada, nos resultados da noite de 26 de setembro. Desde logo pela duração da campanha, de apenas e sempre dez dias, e distribuída por 308 concelhos, com agendas e expetativas muito diferentes. A pré-campanha foi frouxa, sem impacto mediático, e não se adivinha uma espetacular reviravolta. Claro que existe a mimica dos cartazes, mais as redes sociais, e meios idênticos, mas o que vai ser votado, no dia 26, já está decidido pelos eleitores.
A campanha, e também o dia de eleições, contará sempre com um fator que poderá agravar substancialmente a abstenção: a pandemia, mesmo que a 26 de setembro, domingo, já existam mais de 80 por cento dos portugueses vacinados. Será um grande alívio, libertará mais os eleitores, pelo menos os mais ativos, mas ainda provocará receios nas faixas etárias mais velhas, com uma imunidade mais reduzida, e estes votos são estruturais para os grandes partidos e CDU. Contar com o voto jovem não é alternativa, e muito eleitorado urbano deslocalizou-se com o Covid.
As presidenciais, no pico da pandemia, tiveram uma abstenção de 60%, e por muito que melhore, agora, nunca se comparará, presume-se, com os resultados de há quatro anos. Dois anos de Covid afastaram muito as pessoas dos atos e calendários políticos, e a sensação que a pré-campanha passou foi a de escassa presença dos potenciais eleitores, em todo o tipo de eventos. Tudo muito frio, pouco animado, e insonso.
Vão ser, sem nenhuma dúvida, umas eleições estranhas, distantes, e com resultados que terão sempre uma leitura nacional. Nunca esquecer que António Guterres se demitiu numa noite autárquica. Isso diz tudo da leitura que se fará na noite eleitoral, em particular para o PSD, Chega, Bloco, CDS, Iniciativa Liberal e PAN. Mas também, e acima de tudo, para o partido do Governo, que desejará tudo, menos um enfraquecimento da sua força política nacional, num momento orçamental. Na verdade, faltam 10 dias de campanha, mas nada vai mudar. Quem vai ganhar, já ganhou.
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