O PS e o PSD, na Assembleia da República, já não são partidos políticos, mas grupos parlamentares de técnicos, especialistas e cientistas em virologia, epidemiologia e saúde pública. A partir de domingo, dia 12, as máscaras na rua vai deixar de ser obrigatórias. A ordem dos Médicos está contra essa medida – a ideia é não renovarem o decreto – bem como a Associação dos Médicos de Saúde Pública, e de alguma forma, também, a diretora geral da Saúde. Pouco importante. A Assembleia transformou-se no mais reputado órgão de soberania, na especialidade de SARS-CoV2, variantes e pandemia.
«A uso da máscara é uma decisão puramente política» dirão os senhores deputados do PS e do PSD. Não tem nada de prevenção, de atenuação da transmissão ou, sequer, de utilidade na proteção. Isso são as historietas dos médicos, das Ordens, das Associações, e dos especialistas sem nenhuma utilidade, nem originalidade. A AR, na sua infinita sabedoria – científica, claro está – é que decide o fim das máscaras. Agora na rua, e muito em breve em lugares fechados.
O PS do Governo, com o PSD ao colo, quer marcar o fim da pandemia, com 85% de vacinados, ainda este mês, e essa decisão já não passa pela OMS, Europa, DGS, Infarmed, investigadores, médicos, e toda uma cadeia de ilustres desconhecidos. A máscara é uma chatice que perdeu eficácia. Acabou-se o decreto. E mal ficará, de certeza, quem usar máscara na rua. Levantará de imediato um sentimento de inquietação, e suspeição, junto dos outros cidadãos: será que está infetado? Vou já mudar de passeio!
É evidente que os especialistas de segunda ordem, ou terceira, são uns alarmistas incontidos, uns pessimistas natos, uns portadores de más notícias: agora vem aí o Outono e o Inverno, e todas as doenças respiratórias, alertam. Mas o que é que isso interessa ao Covid, pergunta a AR? E ainda por cima com um calendário eleitoral exigente, pensam os partidos. Seja como for, a Assembleia da República, na sua reconhecida capacidade, já decidiu. Ou melhor, não decidiu nada, porque não é necessário. A máscara acabou. Morreu.
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