Há, finalmente, um plano de confiança e realizável para o desconfinamento, com níveis, e recomendações gerais, que foi apresentado pela professora Raquel Duarte na reunião do Infarmed. Está muito bem concebido, liga diretamente as fases de abertura ao número ou percentagem de vacinados com as duas doses, e tem datas de elevada probabilidade, o que dá um sinal forte de esperança e de tranquilidade. E logo ali, para que não existisse nenhuma dúvida, o Presidente da República disse que estava “irritantemente otimista” com o plano, e a capacidade de o País poder voltar à normalidade, se é que isso existirá, algum vez.
O plano é simples de aplicar, e totalmente percetível para todos: A Fase 1, que é agora, significa que a vacinação completa está entre os 50 e 60% – estamos com 51,3% – e mantém genericamente as regras sanitárias que existem. A Fase 2, muito mais aberta, e onde se pode circular sem máscara, implica que 60 a 70% da população está imunizada, e a previsão para isso acontecer será algures na segunda quinzena de agosto. Estamos a falar, apenas, de duas a três semanas. Vem depois a Fase 3, onde se atinge os 70 a 85% – sendo que com a variante Delta, a imunidade de grupo será atingida aos 85 – e a “task force” aponta para o final de agosto. A Fase 4, que todos querem, com mais de 85% de vacinados, deverá ser alcançada no fim de setembro.
Com este plano, linear, prático e diretamente ligado à vacinação, faz todo o sentido o irritante otimismo presidencial. O Governo terá agora de o assumir, já no próximo Conselho de Ministros, e isso acalmará a pressão pública e política, e naturalmente económica, para se acabar com as restrições. Andar mais depressa do que isto seria uma irresponsabilidade, e mesmo assim com um pressuposto decisivo: as percentagens de vacinação têm de ser respeitadas, e cumpridas, e isso significa que Portugal vai atingir os 85% da sua população vacinada no espaço de um mês e uma semana. Até ao final de agosto. E os últimos 15% (sendo que nunca atingiremos os 100%) até aos últimos dias de setembro. Isto é obra. Isto é um plano exequível. Fazível. Executável. Realizável. Viável.
A capacidade para o fazer existe, e está a funcionar exemplarmente, mas para isso não pode falhar o plano de entregas das vacinas. O tamanho do desafio é só este: ter 6 milhões de doses, genericamente, para vacinar 3 milhões de portugueses! Temos de conseguir. Vamos conseguir. Senão ficamos irritados.
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