É a terceira vez que o nosso primeiro-ministro faz uma tangente ao vírus da Covid, e variantes, e isso não é nada tranquilizador. Foi com o presidente francês, com o seu homólogo do Luxemburgo, e agora com um membro do seu gabinete. Não conviria nada, nem a ele nem a nós todos, que o chefe do Governo fosse contagiado. Nem o Presidente da República, que também está a arriscar em demasia, nesta 4ª vaga.
Nesta crise infinita, por enquanto, tanto sanitária como económica, que deixa em aberto muitas incógnitas, não faz sentido que nenhuma figura máxima da nossa hierarquia de Estado, a todos os níveis, se coloque em posição de fragilidade de contágio, ainda por cima com esta variante Delta, que parece fácil de lidar, pelos sintomas, mas que ataca, sem dó nem piedade, vacinados, meio vacinados e não vacinados. Por alguma razão estamos no vermelho-quase-negro da matriz de risco, e ela existe para assinalar o alerta.
Parece evidente, dirão alguns, que um chefe de Governo não pode ficar fechado na residência de S. Bento. Ou em Belém, como é o caso do PR. E por que não? Qual é o problema? O poder executivo é daqueles, muitos ou quase todos, que pode funcionar integralmente em teletrabalho, por irritante que seja. Ou, no mínimo, como já está a acontecer, em modelo híbrido.
Mas no caso específico do PM, e do PR, a questão nem se coloca. Estar em S. Bento é fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Trabalhar, na parte executiva, e descansar, na parte residencial. Arriscar, permanentemente, é que não deve, nem pode, acontecer. António Costa já teve o vírus à porta, a bater insistentemente, mas não conseguiu entrar. E Marcelo Rebelo de Sousa também já passou por alguns episódios, mas agora está cada vez mais exposto, por decisão própria. Não pode ser.
O PR, o PM, e o presidente da AR não podem ser contagiados. Ponto final. Não há, sequer, discussão. Por favor, não nos apareçam com mais uma crise. E esta só Deus sabe como acaba.