Eventualmente, já não sei, a última vez que escrevi sobre o Sporting, o meu clube (declaração de interesse), talvez nas Linhas Direitas no DN, foi há 19 anos. Obviamente. Custou-me muito esperar até hoje? Não, nada. Um sportinguista tem três marcas genéticas: é o mais paciente de todos os pacientes, é o mais esperançado de todos os esperançados, e é o mais fiel de todos os fiéis. Não sendo uma religião, nem uma seita, nem uma Igreja, os adeptos do Sporting têm uma fé inabalável, dogmática, nas cores do Leão.
As coisas têm de ser vistas numa perspetiva milenar: ser campeão todos os anos, como alguns gostam, seria banalizar o título, a alegria, a surpresa e a festa. Sim é o objetivo dos maiores, agarrar sempre a Taça, mas o Sporting funciona como os vinhos de boa casta e envelhecidos. Têm um momento certo para se tirar a rolha. Antes velho e bom, o vinho, do que novo e amargo.
O Sporting não quer ser o Benfica, ou o Porto, ou o Braga. Ou por ordem invertida. O Sporting só ganha o campeonato quando quer, sem o afã obsessivo de ser todos os anos, ou todas as décadas, ou todas as duas décadas. É, quando tiver de ser. Maior simplicidade não existe. Mas quando existe, uma vitória no campeonato, a festa é forte, rija, imparável e única. É a maior de sempre. Ganha aos outros, a golos de distância. Só por isso merecia uma Taça.
O Sporting é um estado. Não de emergência. Não de sítio. Não de calamidade. É um estado de espírito. Um estado de sentido. Um estado de humildade. E um cidadão deste Estado, que é o Sporting, é desprendido, recatado e realista. E se tiver de aguentar 19 anos, para ser campeão, nunca desespera. Só espera.