As criptomoedas agora, como a “world wide web” nos anos 90, são realidades que não vão desaparecer. Não são uma moda, nem uma rede social, nem uma plataforma de compras. É dinheiro digital, intangível, que está a preocupar bancos centrais, reguladores, e todo o tipo de autoridades que gostam de controlar tudo. Não vai ser fácil. Este dinheiro virtual veio para ficar, está a espalhar-se a uma velocidade infinitamente maior do que a taxa de transmissão da Covid no mundo, e já assumiu valores absolutamente impensáveis.
O valor de mercado das criptomoedas, ao dia de hoje, é de qualquer coisa como 1.6 triliões de euros, os tais 12 números que não cabem numa calculadora de telemóvel, e num dia apenas movimentaram-se, entre compras e vendas, qualquer coisa como 140 mil milhões de euros. Para comparar, 202 mil milhões foi o PIB de Portugal em 2020 (que tristeza!), 3.3 triliões é o da Alemanha, e o da França, 2.2 triliões, está facilmente ao alcance deste mercado, que só existe nos computadores e telemóveis (excetuando as máquinas físicas de ordens de compra de criptomoedas, como uma ATM, que já existem em países como a Grã-Bretanta e EUA).
Mas há uma comparação ainda mais impressionante: o PIB dos EUA de 2020 foi de 18 triliões de euros, o que significa que as criptomoedas já atingem 10 por cento da riqueza anual americana. Não há como fugir a isto, como não havia nos anos 90 ao mundo digital, e os mais astutos, que não resistem à mudança, como alguns bancos americanos e britânicos, para não falar de outras paragens, já criaram salas de mercado específicas. Claro que o Fecebook está muito adiantado na sua moeda digital, tal como a Amazon, e o BCE, desta vez com alguma rapidez, está a estudar – sabe-se lá o que isso quer dizer – a criação de uma moeda digital.
Tudo isto ainda parece um mundo paralelo, uma irrealidade, mas conviria ter a noção de quem está neste mercado, e quem acredita e investe nele: todas as gerações digitais, a começar pelos millenials, e os que se seguem, antes e depois. São centenas de milhões, já triliões, que fazem tudo digitalmente. E sendo quem são, e como pensam, transformaram numa realidade, muito valiosa, cada vez mais, um puzzle encriptado que está em constante mineração. Um dia destes, não muito longe, vamos perguntar quanto vale Portugal em Bitcoins, ou em qualquer outra das 10 mil criptomoedas que existem. Alguém sabia o que queria dizer “www” no início dos anos 90? Pois era.