Nunca houve. São palavras do Presidente da República no discurso do 25 de Abril na Assembleia, e expressam, como nunca, a essência da nossa Nação, e as imperfeições da nosso passado e futuro. Não há pessoas perfeitas, nem povos perfeitos. Muito menos História. E é muito bom não acreditar na perfeição, porque não existe. Marcelo foi aplaudido por todas as bancadas, e isso diz tudo sobre o mais impactante discurso deste Presidente.
Foi um momento que uniu os polos, que desdramatizou os radicalismos, que assumiu os nossos bons e maus momentos coletivos, e que engrandeceu os portugueses numa altura de incerteza, de angústia, de apreensão e ansiedade. Marcelo, na Assembleia da República, e numa cerimónia simples, mas carregada de simbolismo, com a grandeza e elevação do seu discurso tornou ridículas e sem sentido as ligeiras polémicas e embirrações irracionais dos desfiles na Avenida da Liberdade. Juntos ou separados, todos fizeram o que queriam.
Portugal tem 47 anos de democracia, desde o 25 de Abril, mas também 500 anos de descobrimentos, outros tantos de colonização, e 900 anos de existência como Nação soberana. Foi tudo perfeito? Não. Foi tudo assético? Não. Foi tudo glorioso? Não. Foi tudo imaculado? Não. «Não há, nunca houve, um Portugal perfeito». Ainda bem. É disso que se faz a História de todas as Nações. E peso maior têm as mais antigas, as mais ousadas, e as mais destemidas. E são, por isso mesmo, pelo tempo que carregam, as mais imperfeitas.
Portugal é a sua História. Não se pode esbater, apagar, reduzir e branquear. As Nações não fazem isso. Assumem, sempre. E assumir é aceitar os atos magníficos, os vulgares e as malfeitorias. E pedir desculpas, mas olhando sempre de frente. O Presidente da República, neste 25 de Abril de 2021, deu-nos uma lição sobre Portugal. Era a altura mais do que perfeita.