O Presidente disse aos portugueses que esperava que esta fosse a última renovação do estado de emergência, os partidos na Assembleia querem que não haja mais a partir de maio, coincidindo com o calendário anunciado, e o Governo admite, ou pondera, que determinadas regiões, ou concelhos, ou distritos, separadamente, possam ter uma pausa no ritmo de desconfinamento. Tudo isto faz sentido, mas tudo isto não passa de um desejo. Esta poderá ser, por agora, a última renovação, mas nunca a última emergência.
Estamos muito longe, muito mesmo, de termos a certeza de que vamos descansar e respirar em maio. Os números e a matriz de risco não enganam. A primeira fase de abertura já fez pular os contagiados – felizmente que estão a terminar a vacinação de pessoas com mais de 80 anos – e os resultados da segunda não tardarão a aparecer. Dizer e criar a expetativa ou decidir apressadamente um desconfinamento foi um erro que cometemos e que custou muito caro, e desta vez o Governo está a tentar gerir a pandemia com um cuidado extremo. Ótimo.
A grande questão, contudo, é se chegaremos a tempo de evitar uma 4ª vaga. Ela já se passeia na Europa, e a conjugação das aberturas com a vacinação não tem tido resultados positivos, pela óbvia razão de que nos faltam vacinas, e cada compra da Comissão, como agora com a Janssen, é mais um desatino sem comentários. Por que razão os 27 não se juntam e dão uma ordem à Comissão: invistam tudo na Pfizer e na Moderna, e se necessário na russa. Insistir nestes erros é injustificável, insustentável e perigoso.
E é por isso que nunca se pode garantir que este será o último estado de emergência. E é por isso que o país está parado, em suspenso, como toda a Europa. É um desalento. Vão morrer mais pessoas, estamos a afundar cada vez mais a nossa economia, e não há planeamento, ou perspetiva, ou calendário que se ajuste à realidade. Agora é que parece que vai ser, achávamos que este trimestre até iria começar a correr bem, em todos os aspetos, e depois os números da Covid, e a matriz de risco, colocam-nos no sítio certo. Que é o vazio. Estamos, outra vez, a piorar.