Vi, pela primeira vez, o funcionamento de um grande espaço de vacinação contra a Covid, num pavilhão desportivo, e fiquei, confesso, excecionalmente bem impressionado com o profissionalismo, a eficácia, e o cuidado colocado na vacinação de centenas de pessoas, que calmamente cumpriam todos os protocolos e indicações recebidas. A primeira coisa a dizer, e a reconhecer, é que se tivéssemos vacinas suficientes, estaríamos todos despachados, com imunidade, já na Primavera.
Tranquilamente, ao final da manhã, uma fila de muitas dezenas de pessoas, idosos na sua quase totalidade, foram sendo atendidos por diversas fases, todas elas rápidas, que começavam ainda fora do pavilhão, ordenando as pessoas por hora programada. Sem confusões e tudo feito por jovens voluntários, certamente universitários sem aulas, mas completamente empenhados, disponíveis e carinhosos para com uma população que requer alguns cuidados.
Lá dentro, o processo é ainda mais rápido, embora obedeça a um protocolo que é visivelmente exigente, em que cada pessoa, depois de identificada, responde a um questionário, que percorre todas a questões medicamente relevantes, como pré-condições, alergias, estado de saúde nos últimos dias, entre outras, que possam ter alguma relação com os sintomas da Covid, ou efeitos da vacina. São também jovens voluntários, mas perfeitamente seguros do que estão a fazer, e a um ritmo imparável. Não há secas, nem horas perdidas, nem cadeiras ocupadas durante muito tempo.
Passada esta fase, e não existindo nenhum alerta para os médicos de serviço, no caso uma médica, nova, bem-disposta e sempre disponível, que em casos de alergias faz um despiste mais criterioso, as pessoas são chamadas para um das duas dezenas de pequenos espaços, reservados, onde uma enfermeira dá uma vacina mais depressa do que se tira uma camisa, ou arregaça uma manga, e um cartão com a data da segunda dose, no mesmo sítio e à mesma hora. E com o lote e a vacina inoculada. E depois, calmamente, uma pausa de meia hora, para se perceber se há efeitos adversos. E está feito.
Vendo esta coreografia, tão bem montada e executada, e com tantos jovens, que estão ali, calcula-se, voluntariamente, mais os profissionais absolutamente experimentados e bem-dispostos, sentimos orgulho, de verdade, no nosso Serviço Nacional de Saúde, e em todas as instituições que colaboram e colocam à disposição os espaços e o suporte logístico. Impressionante. Muito bem montado. Muito bem organizado. Muito bem executado. Quem está por detrás de tudo isto, quem concebeu o modelo e quem o executa merece ser reconhecido. E merece um profundo agradecimento. Todos vamos passar por isso, e todos vamos perceber que somos muito bons. É um alívio. Agora só nos faltam as vacinas. E se necessário fosse, tal como os alemães estão a fazer connosco, também poderíamos mandar equipas destas, e com esta organização, para qualquer país que precisasse. E muitos vão precisar. O PR, o PM, e a ministra da Saúde têm de ir a um destes grandes centros de vacinação, para ver e agradecer o esforço, o empenho e a proeza que está a ser feita. Eles merecem. São eles que nos salvam, verdadeiramente.