É a segunda vez que esta coluna é dirigida diretamente ao primeiro-ministro (PM). A 14 de dezembro, pedi-lhe o favor de não abrir no Natal – não serviu de nada – pelas razões que todos lamentamos. Agora é chegada a altura de fazer o mesmo, mas calculo, uma vez mais, que a eficácia será zero. Ou abaixo de zero: por favor, caro PM, feche as escolas a partir de quinta feira, e só reabra, com muito cuidadinho, em fevereiro. Até podem ser a primeiras a abrir, mas se quer um confinamento eficaz, para salvar portugueses, e o SNS, as escolas, e tudo o que se movimenta em seu redor, tem de ser fechado. São um foco importante de contágios, potenciado com as novas variantes. Não fazer isso é errado. Não fazer isso é imprudente. Não fazer isso é arriscado. Disse que os técnicos e especialistas apontam para a tese, mais consolidada, de manter as escolas abertas. Mas que técnicos e especialistas, senhor primeiro-ministro? Os mesmos que nunca lhe disseram categoricamente, vigorosamente, que não deveria abrir no Natal?
É evidente que a decisão do PM e do Governo, mas que também envolve o Presidente da República, que decretou o estado de emergência, deverá ser baseada em aconselhamento de quem sabe, de quem é cientista, especialista e técnico. Mas para que esteja totalmente informado, o primeiro-ministro também deveria ouvir, como todos os portugueses, através da Comunicação Social, as dezenas ou centenas de cientistas, especialistas e técnicos que estão abertamente contra a decisão de não fechar as escolas. Não só invocam os argumentos médicos que vários países europeus usaram para fechar tudo, como está por apurar, com segurança, que as crianças e as escolas estão mais protegidas. Não estão, e com as aulas a funcionar envolvem-se milhões de pessoas, que deveriam estar confinadas. Há, aliás, teses de especialistas que consideram as escolas como os espaços de maior probabilidade de contaminação e propagação do vírus. E são de grandes países europeus, nossos parceiros.
Caro PM não seja teimoso. Não ouça só os que coincidem com o seu desejo. Muito pelo contrário: esses abençoaram a abertura precipitada da primeira vaga, garantiram que estava tudo controlado, nunca anteciparam o que estamos a viver, e não foram claros nem firmes no que aconteceu em dezembro. São os mesmos que pouco falaram das variantes, e do perigo de multiplicação que está em curso, descontroladamente, no País. Ou será que que alguém acha que estes números, loucos e explosivos, são apenas a consequência do Natal? É tudo misturado, o que só piora o cenário.
Senhor primeiro-ministro feche as escolas a partir de quinta-feira. Não tenha dúvidas. Não atrase a nossa recuperação. Não acredite em teorias fantasiosas, sem fundamento, que não passam de palpites. Esse, na verdade, sempre foi o nosso problema. Muitos palpites e nenhuma certeza. A decisão final é sua, mas decida bem nesta catástrofe sanitária.