Por causa das confusões, e para poupar trabalho, Portugal deveria apostar tudo na Coronavac, a vacina chinesa. Para não falar da Sputnik 5. As vantagens são imbatíveis, avassaladoras, esmagadoras:
- Tendo o vírus fermentado na China, e sendo os primeiros a lidar com o SARS-CoV2, é suposto que conseguiram o verdadeiro antídoto, primeiro do que todos os outros. Ganharam no vírus, e voltaram a ganhar na vacina. É preciso ser prático. E ter fé. Acreditar que eles sabem fazer tudo. É só pedir, e pagar.
- Outro fator absolutamente decisivo é o preço. Na China faz-se tudo aos biliões, e 20 milhões de doses da Coronavac, para os nossos 10 milhões de habitantes, produzem-se entre o pequeno almoço e o café a meio da manhã. E eles garantem tudo: fabricam, transportam, entregam, e, se necessário, também mandam 500 mil enfermeiros para administrar. Isto é uma vantagem gigantesca.
- Optando pela Coronavac, Portugal não tem de esperar pela autorização da EMA, que quando acordasse já estava tudo vacinado, e ao Infarmed bastaria olhar para os números da pandemia na China, para concluir, acertadamente, que o produto tem uma eficácia próxima dos 100 por cento. Ou até mais, sabe-se lá. E com esta justifica-se o verdadeiro uso de emergência. Não é o caso? Não estamos numa emergência. Em tempo de guerra não se liga à origem. Só precisamos de uma vacina. E esta é uma Coronavac. O nome não diz tudo? Não é suficiente?
- Acrescente-se, também, que deixaríamos de estar preocupados com os calendários, prioridades, estudos, palpites e coisas assim. Quais as que chegam primeiro, mais o drama do armazenamento, e toda a logística da vacinação. Da Pfizer, lá para Janeiro, vamos ter 4.5 milhões. Não dá para nada. Da Moderna (sabe-se lá porquê) chegarão só 1.9 milhões. Isso nem dá para Lisboa. Da Astra não se sabe bem, tem uns dados atabalhoados, e da Johnson e da Curevac, zero. A chinesa não bate tudo isto? Em tempo útil? E em doses maciças?
- Finalmente, há um argumento poderoso: o Governo tem de olhar pela nossa saúde, e pela nossa economia, e pela nossa ansiedade, e encomendar tudo à China, incluindo os enfermeiros, e já para a última semana de Dezembro. Estaríamos entre os primeiros, e ainda poderíamos fazer festas de arromba na passagem do ano. Mais: mostrava-se à UE que não se brinca com a nossa soberania, e que não admitimos ser colocados no fim da lista das vacinas que não são a Coronavac. Assim sim, terminávamos em grande este ano louco de 2020.