Ganhando ou perdendo, Trump conseguiu um feito inimaginável, impossível para quase todos, de colorir a vermelho, outra vez, o mapa dos EUA. O problema, afinal, era de Biden, e não de Trump. Como é possível estar ainda tudo em aberto, depois da enxurrada de sondagens, opiniões, garantias e previsões de que as eleições estavam terminadas para os republicanos? Que o dia 3 de novembro era apenas uma data do calendário de 2020. Como é que Biden, 24 horas depois, ainda está sem saber o que vai acontecer?
“Don’t underestimate Joe’s ability to f–k things up“. Este comentário, premonitório, é atribuído a Obama, há algum tempo, e foi revelado por fontes democratas. Está percebido e bem. Biden, com os óculos à Top Gun, foi o pior candidato deste século, e dos próximos. Mesmo com o vento a favor, com as sondagens a jurar que tinha uma vantagem intransponível (uma sondagem Washington Post/ABC, de 28 de outubro, dava uma vantagem de 17 pontos a Biden no estado de Wisconsin!!!), com a quase totalidade dos grandes e pequenos media a ajudar, Biden não consegue arrumar à primeira, sem grandes inquietações, um presidente que sempre foi caótico, compulsivo, instável e sem um pensamento político coerente.
Trump pode ganhar esta eleição referendária nacional com base em três premissas fundamentais: o andamento da economia, o emprego, e ligado a isso o drama da Covid, que estava em terceiro lugar nas preocupações dos eleitores. Os americanos estão divididos entre o negacionismo do presidente, que nunca quis o confinamento, e que por isso mantém o país a funcionar, e a manter e criar emprego, e os que acham que é necessária e urgente uma intervenção restritiva. Pode vencer o negacionismo, está visto.
Trump tem, sempre teve, uma base sólida, que reapareceu nos estados que já tinha conquistado em 2016, e em outros, com alguma surpresa. Também é verdade que o presidente fez tudo, multiplicando-se em grandes comícios, e nos estados que importavam para o colégio eleitoral. Foi uma corrida esgotante, mas que o ajudou e resultou. Aliás, a ida de Biden, em pleno dia de eleições, à Pensilvânia, fazer mais um comício, era um sinal de grande inquietação e preocupação
Mas há já uma derrota, pesada, pela segunda vez, das grandes empresas de sondagens, que criaram, até ao último dia, a ideia e a expetativa que Biden tinha, garantidamente, uma vantagem de 10 a 11 pontos, tanto a nível nacional como em estados críticos. Nunca fizeram, nem acreditaram, na ponderação do voto escondido dos conservadores e apoiantes de Trump, que não revelaram a sua tendência de voto. A este colapso junte-se o persistente comportamento liberal (esquerda nos EUA) dos grandes órgãos de comunicação, que nunca separaram, como deve ser, os factos e a realidade, dos seus desejos e alinhamentos políticos. É um dia triste para estes pilares da democracia.
Biden é (foi) um idiota. Chapado. Durante meses achou que se ganhavam eleições num piscar de olhos, sem programa, sem ideias, e sem discurso. Bastava ser contra o presidente. A idade também não ajudou, mas Obama, que também poderá sair mal disto, é que estava certo quando disse que o seu ex-vice tem uma imensa habilidade para estragar tudo, mesmo quando parece impossível. É preciso ser pateta.