As palavras são da chanceler Merkel, e dizem tudo sobre o estado de sítio em que o vírus está a colocar a Europa e o mundo. E agir, para a Alemanha, é um confinamento parcial, muito restritivo, que será avaliado de 15 em 15 dias, mas que encerra quase tudo, não tocando ainda nas escolas e comércio. Se a situação se agravar, o confinamento será total, “para evitar uma emergência nacional de saúde“.
Preparada, como sempre, a senhora Merkel também já criou uma linha de 10 mil milhões de euros, para apoiar os estabelecimentos que vão encerrar. A situação é de catástrofe na Alemanha. Quase 15 mil casos num só dia, e 85 mortes, obrigam o Governo federal, em conjunto com os estados, a tomar medidas radicais.
Logo a seguir a Merkel, o presidente Macron, com a pandemia incontrolável em França, e o sistema de saúde incapaz de aguentar a pressão, comunicou aos franceses um confinamento quase total, mais duro do que o da Alemanha, que entra em vigor quase de imediato. Os números da pandemia em França são assustadores: mais de 50 mil contagiados num dia, e os especialistas que aconselham o Governo e o Presidente advertem que os modelos apontam para a possibilidade desse número duplicar: 100 mil por dia.
Merkel e Macron, como todos os líderes europeus, aberta ou implicitamente, quase que juraram, entre si, que nunca mais voltariam a confinar, por razões económicas. Isso era dantes. Isso já não existe. Ou se confina rapidamente, ou os sistemas de saúde entram em implosão, não apenas para < Covid-19, como para todos os outros internados.
O nosso Governo vai reunir no sábado para tomar novas medidas. Não podem, em nenhuma circunstância, ser medidas menores. Acabaram-se os paninhos quentes, as falsas expetativas, e as garantias de que o nosso SNS está preparado e aguenta tudo. Deixem-se de mentiras piedosas. Olhem para a Alemanha e França, que têm, de facto, uma cobertura hospitalar poderosa e eficaz, e que de nada serve. Há uma emergência nacional, e o Governo tem de se elevar, e enfrentar, esta calamidade.
