Estava à vista, há muito tempo, que Portugal não tinha conseguido controlar os contágios com o SARS-CoV-2, apesar da grande esperança, vontade e alguma ingenuidade das autoridades. A verdade é que estamos a piorar, todos, e o Governo decidiu atuar a tempo, impondo o estado de contingência ao País inteiro a partir de 15 de setembro. Até poderá ser antes. E contingência é o estado antes da emergência, que ninguém quer repetir. Pois, mas se tiver de ser não se percebe como evitar.
Todas as fichas estão agora colocadas nas vacinas, e nos medicamentos que já estão em fase de teste e aprovação de emergência. Sem isso não há saída. Não há forma de conter, que não seja voltar a fechar tudo. Então sim, seria um furacão de categoria 5 no País. Mas por impensável que seja, ainda é a única medida cientificamente garantida de quebrar as cadeias de contágio. Seis meses depois não há mais nada. Ou quase nada.
O que há, e é extraordinariamente positivo, é uma capacidade médica hospitalar muito mais bem preparada e conhecedora do comportamento do vírus, e a utilização de vários medicamentos existentes no mercado, que provaram alguma eficácia clínica contra a Covid-19. E isso tem permitido uma redução substancial do número de mortes. Sendo sempre má, é a única notícia menos má.
Sendo assim, voltando ao País contingente, até ver, vamos recuar muitos passos no túnel que estamos a percorrer, sem encontrar ainda uma saída segura. Quem achava que era a altura de apostar tudo no regresso, em força, ao mercado, vai abrandar, e os que sobreviveram vão ser obrigados a medidas mais duras. Está tudo em aberto. Está tudo em suspenso. Incluindo o Governo. Muito ágil na saúde, mas parado na economia e finanças. Não se percebe. Não se atinge. Não se descortina.