Biden escolheu a liberal Kamala Harris para candidata à vice-presidência dos EUA. À primeira vista deu um grande empurrão a Trump para se manter na Casa Branca. A ideia dos democratas até parecia ser boa: mulher, negra, senadora, ex-procuradora geral da Califórnia, e candidata à presidenciais, embora falhada. Parece ser uma boa escolha, mas não é, politicamente.
Trump, repentinamente, já não se concentra em Biden, mas na senadora. E aí ele vai fazer tudo, ou mandar fazer, para mostrar ao eleitorado americano, o que fez e disse Kamala ao longo destes anos: as votações sempre ao lado de Bernie Sanders, a defesa da ideia de um SNS para a América, e a imposição de um pacote regulatório restritivo em relação a muitas indústrias do país. Para não falar no desejo que tem, mas inconstitucional, de acabar com a venda de armas.
Trump e os republicanos tentarão tudo para encostar a dupla Biden-Kamala Harris à vaga esquerdista do Partido Democrata, e à profunda alteração que isso pode trazer aos pilares em que assenta a União: pouco Estado federal, ou nenhum se possível, e toda a liberdade económica e individual. Mas isto eventualmente não vai chegar.
Trump, contudo, tem e vai usar a melhor e mais potente das armas que lhe foi oferecida pelo adversário: Biden tem 77 anos, agora, e 78 em novembro, e se ganhar passará a ser o presidente mais velho da história americana. Trump bateu esse recorde quando chegou à Casa Branca, com 70 anos. Não pode falar muito, mas vai apostar tudo nisso.
Biden, nas suas tradicionais trapalhadas, já disse que devido à sua idade, e ao desgaste do cargo, não deverá conseguir fazer mais do que um mandato. Se conseguir. E aqui é que entra Trump. Vai assustar tudo e todos com a hipótese, não marginal, de Kamala Harris poder chegar a Presidente dos EUA, “by default”. E isso sim, é uma experiência já tentada, mas que nunca resultou. Nem vices eleitas, nem Hillary para Presidente. E como isso condiciona, Trump tem 82 dias para assustar o eleitorado democrata, e republicano, que votou nele em 2016, e que não está, ou estava, disposto a repetir o erro. Kamala é o trunfo de Trump. Era suposto ser de Biden.