Nunca o Conselho de Estado reuniu tantas vezes como com este Presidente da República. Tem tudo a ver com o estilo presidencial, a personalidade, e o gosto de Marcelo em ouvir e ser aconselhado por altas figuras da Nação, que têm esse dever. O Presidente não o faz para cumprir protocolos, ou calendários. Está genuinamente preocupado, sempre esteve, logo de início, com a situação económica e social do país, e o Conselho de Estado é um órgão em que estão representados todas as sensibilidades, sejam políticas, sociais e económicas. Como é óbvio, o PM estará na videoconferência.
É percetível, pelos sinais que dá, que o Presidente quer um andamento mais rápido no socorro às pessoas, às famílias e às empresas. A economia Covid não funciona, está semiparalisada, não consegue normalizar, mesmo com a abertura, e isso vai resultar num desastre sem precedentes, se não existir um plano de emergência imediato. Marcelo tem uma ótima relação pessoal e institucional com o PM, Governo, AR, em particular com o seu presidente, mas é importante ouvir, ele e o PM, o que pensa aquele grupo de conselheiros. O momento requer, obriga, exige.
É bom lembrar que o Presidente, mesmo antes de o ser, sempre teve a capacidade excecional de ver, prever, e perceber de onde vem a tempestade. E quando vem. É bom lembrar que foi o Presidente, no início de Março, que disse ao PM que queria e ia decretar o estado de emergência no país, por causa da pandemia. E também convém lembrar que não era uma solução que agradasse muito ao PM. Depois percebeu e agradeceu.
Agora, quase no final de Julho, e com quase tudo a funcionar, e aberto, é visível e indiscutível que a economia não arranca. Não anda. Não responde aos estímulos. Há setores, inteiros, que já atingem uma taxa de mortalidade nunca vista. Inaceitável. Impossível de conter.
Se o Presidente percebeu, em Março, que tinha de decretar o estado de emergência, também agora já concluiu que tem que ajudar, puxar, empurrar, e pedir urgência ao Governo. Como um grande mestre de xadrez, Marcelo antevê os próximas dez tropeções até ao precipício. É bom escutá-lo.