A Covid-19, para Jair Bolsonaro, era uma brincadeira, um vírus inofensivo, uma questão de estatuto e coragem. Indignou-se com tudo e todos, ficou sem ministros da Saúde, e achou que a melhor forma de mostrar essa displicência, esse desagrado, esse desinteresse, era não usar máscara, que aliás proibiu em diversos setores do Estado, e reforçar os seus contactos com as pessoas, sem nenhuma salvaguarda, distanciamento ou precaução. Pois era. Agora testou positivo para o SARS-CoV2.
Essa arrogância, esse furor anticientífico, essa idiotice paga-se sempre caro. Ninguém certamente quer ou deseja o pior, mas Bolsonaro vai vergar, e ter medo da pandemia que atinge, infelizmente, de uma forma muito dura, o Brasil.
Bolsonaro fez-se de Boris Johnson à brasileira. Nunca percebeu nem entendeu o que estava em causa, o perigo para os seus cidadãos, e colocou-se numa posição desafiadora e de extrema arrogância, que acaba sempre mal. Boris, apesar de tudo, achava, e tinha sido aconselhado, a adotar o modelo sueco: infetem-se, morram, e os que sobrarem ficarão imunes. O erro do século!
O presidente brasileiro, entre muitas coisas, também quis mostrar que era tão vigoroso como Trump. Indiferente ao perigo, às balas, ao inimigo. Saiu-se mal. O vírus fez-lhe frente, e agora terá de passar pelo habitual calvário médico.
Importante, na verdade, é que tudo corra bem com o Presidente Bolsonaro. Por um motivo muito forte: vai perceber que não se brinca com a saúde das pessoas, e assim poderá reverter muitas das medidas que tomou. E passar a ouvir, já agora, com todo o cuidado, o que lhe dizem os seus peritos, cientistas, médicos e ministros.