É óbvio que temos um problema com a pandemia. Mas também é evidente que a Inglaterra tem uma crise ainda maior com o Covid-19. Arrancou muito mal, naquela postura tradicional do «nós é que somos bons, nós é que sabemos», e foi preciso o primeiro ministro estar às portas da morte, para perceberem que o vírus não era para brincar, estilo jogada sueca. Chegaram tarde, muito, às medidas de controlo da pandemia, como o confinamento, e estão agora a tentar retomar alguma normalidade. Aprenderam a lição, da pior forma.
Agora Londres decidiu, no estilo imperial, colocar Portugal na lista dos países desaconselhados para viagens ou férias, obrigando, a quem partir daqui, a uma quarentena obrigatória de 14 dias, vigiada de perto. O nosso MNE já disse o que pensava dessa decisão «absurda», mas os britânicos são tradicionalmente indiferentes a esses comentários. Têm uma lata do tamanho do seu ego.
Sendo assim deveríamos desaconselhar, de imediato, viagens ou estadias na Inglaterra, por perigo real de uma pandemia não controlada. Ir lá, sim, coloca um risco muito elevado de contágio. Muitos países desaconselham essas viagens, e era o que faltava que não fizéssemos o mesmo.
A nossa situação pandémica, comparada com a deles, é apenas um pequeno surto. E isso irrita ainda mais. Seria bom, e aconselhável, que o nosso MNE chamasse, com publicidade pública, o embaixador britânico em Lisboa, e pedisse esclarecimentos. Partiu da embaixada essa informação? Não partindo daqui, é seguro que a Embaixada sabia o que poderia acontecer, e não se deu ao trabalho de explicar que não era uma boa decisão? Um corredor verde para o Algarve não era o mínimo de bom senso?
Que belo aliado que nós temos. Atingem-nos duramente, e com toda a indiferença. Boris Johnson não deve saber, pela certa, que temos a mais antiga aliança do mundo, ainda em vigor. Existe desde 1373, Idade Média, e pelo vistos não resiste a um vírus.