Sai um Mário Centeno e entra um João Leão. Até que enfim! Se os nomes moldam personalidades, então temos, finalmente, um Leão na Finanças. Um leão que sempre teve o Orçamento nas mãos, que sabe ao pormenor o que é o Suplementar, e que vai defendê-lo, com um unhas e garras, na Assembleia da República. Não podia ser de outra forma. Encontrar alguém, nesta fase crítica, para a pasta das Finanças, era só perder tempo, ser obrigado a gerir um Orçamento que não conhecia, e atrasar a recuperação do País.
Centeno tinha de sair, porque já não queria, porque estava forçado, porque não estava empenhado, e porque estava distante da realidade. Era inevitável. Era urgente. Era mandatório. No fundo, bem no fundo, Centeno optou pelo futuro que queria, desejava e ambicionava. Ver-se livre do Eurogrupo, onde era criticado, e ter a calma e o sossego numa posição tranquila, cómoda e confortável. Só é pena que tenha demorado tanto tempo. Mas percebe-se. Nem o primeiro-ministro (MP), nem o Presidente da República (PR), queriam este desfecho. Mas é o que tinha de ser. É justo dizer que Centeno, para além de ter um curriculum impressionante, e impressionável, como mestre e doutor por Harvard, professor catedrático e senhor de Matemática Aplicada, foi o melhor ministro das Finanças até agora. Tem direito a essa condecoração.
Leão, João, tem 46 anos, é doutorado em Economia pelo MIT, onde se cruzou com Centeno, e professor do ISCTE. Tem a vantagem, assinalável, e não desprezível, de ser o secretário de Estado do Orçamento. Por outras palavras, ajudou, criou e montou o documento que vai a discussão na AR. Era a escolha certa, ajustada, única, e possível, do PM, nesta agitação e indefinição pandémica e económica.
Agora queremos ver: teremos um leão, ou um leãozinho? Há dezenas de decisões a tomar nas finanças, fiscalidade, e sistema bancário, para não fazer uma lista de inadiáveis. Temos ministro para isso?
