A União Europeia (UE), em particular a Comissão, está completamente perdida em assuntos laterais, completamente idiotas para esta altura, mas que infelizmente são, por agora, o único sinal de que estão vivos. Agora é o plano de recomendações para as férias de verão. Será que estão a gozar connosco? Será que ainda não perceberam que estamos com fome e sem dinheiro? Será que as férias são o assunto mais importante, e decisivo, para a União, nesta fase da nossa vida? Será que não perceberam, ainda, que essas decisões cabem aos Governos nacionais, na altura própria, e se existirem condições? Por agora, quem quiser viajar, para férias ou coisa parecida, terá logo à cabeça 14 dias de quarentena.
Da Comissão, e da sua Presidente (infelizmente sem nenhum peso político e capacidade de influência e decisão), o que queremos, imediatamente, é um pacote trilionário de ajuda, para toda a União, mas daqueles que permitem que o dinheiro entre rapidamente nas contas nacionais. Portugal, como outros, está a ficar sem dinheiro. A um ritmo assustador. E se a UE não decidir qualquer coisa, urgentemente, a pandemia sanitária vai parecer o menor de todos os problemas. Por muito que custe dizer isto.
Estamos a chegar a metade do ano, com o país parado desde março, e com uma abertura faseada que vai desiludir muito o Governo e o país: podemos abrir tudo, com todas as medidas cautelares, em termos de saúde pública, mas não garantimos dois fatores fundamentais, e que não estão nas mãos do Governo: obrigar os portugueses a consumir, que muito contribuía para o nosso PIB, e trazer turistas que componham as exportações e contas nacionais.
Por isso, um segundo desastre está à nossa porta: em junho, julho e agosto, mais ou menos coincidente com os números outra vez elevados da Covid-19, o comércio, restauração, serviços e todas as restantes componentes da economia, vão perceber que o consumo será marginal e anémico. Por medo do vírus, e da depressão económica. Excetua-se, claro, o consumo essencial, que se manteve e até aumentou desde março. E chegado esse momento, o Governo tem de ter dinheiro da UE, para não colapsarmos coletivamente.
Desejamos, todos, intensamente, que a próxima cimeira dos chefes de Estado e Governo, dentro de dias, ponha a Comissão nos carris. No sítio certo. “Ou a Europa é solidária”, como disse o Presidente da República, ou o assunto morreu aqui.