Concordamos todos, com ardor, que as «empresas de comunicação social são empresas iguais às que fabricam móveis, sapatos, têxteis». Nunca um político foi tão lúcido, tão corajoso, e tão categórico. Temos líder. Temos «Churchill». Quem pensava, sugeria, intuía que Rui Rio tinha os tiques de Chamberlain, o apaziguador, está profundamente enganado.
Na verdade, a Comunicação Social não só faz sapatos, que às vezes são apertados, mas especializou-se em fatos genuínos. Perdão, factos. Mais ou menos a mesma coisa, pelos vistos. Têxteis, por isso. Eles, os Órgãos de Comunicação Social (OCS), ainda não entraram, verdadeiramente, no negócio dos móveis à medida, mas vão lá, com esta crise.
Assim sendo, e com uma visão inegavelmente apurada, focada, e virada para o essencial, Rui Rio, líder da oposição, sempre eterno, que queria ser e nunca será, entende, com vigor, que a compra (compra repito) antecipada de publicidade – que a propósito é só de 12 milhões, porque os 15 já integram o IVA – é um truque partidário do Governo e do PS, para amenizar a Comunicação Social. Amenizar é um verbo suave, porque na verdade, pensa o líder do PSD trata-se de comprar a Comunicação Social, mais os jornalistas, e outros que tais.
Categórico e incisivo, como sempre, Rui Rio acha que o Presidente da República está alucinado, quando diz que os OCS são pilares da democracia e soberania, que a Constituição tem de ser urgentemente revista, nessa matéria, e que o Governo não sabe o que é o «interesse nacional», e quer simplesmente trocar favores por dinheiro. Agora sim, eis um inegável «Quid pro Quo». Que exige um «impeachment». Não do Governo, mas dos OCS.
Este Rio é transparente, translúcido, verdade seja dita. Não desilude. Está lá, transborda algumas vezes, mas volta sempre às margens. Está a perder caudal, já só vai nos 22%, mas isso não é verdade. É mais um fa(c)to, mal cozido, da indústria da Comunicação Social.