De repente, insolitamente, as nossas autoridades mudaram o discurso e a estratégia. Ganhámos Abril, vamos começar a abrir em Maio. Que raio quer isto dizer? Que a pandemia vai passar a ser classificada como resfriado? Que o vírus desapareceu, esgotou-se, já não mexe? Afinal, que diferenças substanciais, inesperadas, gloriosas, radiantes, vão ter os números e as curvas da Covid-19? Que mágica vai ser essa?
Vamos aos básicos: por agora, e nos próximos 15 dias, com o estado de emergência, e o medo, os nossos números vão continuar a ser o que são. Centenas de infetados diários, e dezenas de mortes. É o tão ansiado, desejado e esperado planalto. Será? Ricardo Mexia, presidente da Associação dos Médicos de Saúde Pública, disse à VISÃO, (“A curva errática” de Sara Rodrigues) que “a curva de novos casos é um bocadinho errática e isso não é um comportamento habitual neste tipo de doenças”. A mesma avaliação fez Saraiva da Cunha, Diretor do Serviço de Infecciologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra: “O que interessa é a tendência e, neste momento, não é possível ter uma noção concreta da curva epidemiológica”.
Na verdade, a única coisa em que todos concordam é que as medidas de quarentena e associadas têm eficácia científica comprovada. O contrário não é válido. O relaxamento é desaconselhado por todos os estudos de modelos de previsão epidemiológicos. Mas vai ter que ser. Já percebemos.
Porquê? É o dinheiro, estúpido! Não querem gastar mais, porque dizem que não há. Era só o que nos faltava. Leiam, por favor, a crónica aqui ao lado, do Tiago Freire, Diretor da Exame.