O Governo, mas também a AR, têm de ir mais longe, mais fundo e mais depressa na ajuda ao país.
1 – Mais longe, porque as medidas que até agora tomou não chegam. Nem se aproximam da realidade do país, que se agrava todos os dias. Se não há luz, ainda, no túnel sanitário, pior, muito pior na saúde económica e financeira das pessoas e empresas. Ir mais longe é decretar mais medidas que aliviem a paragem brusca do país. A moratória das rendas está por aprovar, não se percebe porque não existiu uma moratória nos seguros, e o lay-off simplificado é muito pouco. Há um milhão de medidas que o Governo tem de tomar para nos manter vivos. Um exemplo simples? Tudo o que são serviços essenciais ( utilities ) às pessoas e empresas, devem igualmente ter uma moratória. E as utilidades têm de ser encaradas no seu sentido mais lato: são tudo, mas tudo mesmo, que nos possa manter, minimamente, a funcionar. A sobreviver.
2 – Mais fundo, porque na verdade as medidas até agora tomadas pelo Governo, na sua essência, não passam de garantias prestadas aos bancos. Muito bem nas moratórias fiscais e na segurança social, mas é urgente ir mais fundo. Verdadeiramente, o Governo tem de injetar dinheiro, e não garantias, na economia. E as garantias devem ser a 100%, para evitar qualquer arbitrariedade dos bancos ou das SGM. Em boa verdade deveriam até ser automáticas. Depois, quando chegar o dia, acertam-se as contas. Em muitos casos, muitos mesmo, esse dinheiro do Estado pode e deve converter-se em ações, para simplificar. Repito o que já aqui escrevi. O Governo, com a ajuda da AR, tem de injetar no país, logo à cabeça, sem mais demoras, e por comparação com parceiros europeus, só nesta fase, mais de 90 mil milhões de euros.
Se nos querem salvar, pensem em grande, sejam ousados e atuem como se não houvesse amanhã. E tenham sempre em mente um princípio vital desta crise: vai ser tudo muito pior do que parece.
3 – Mais depressa, porque o que morrer hoje, já não terá salvação amanhã. Depressa é agir todos os dias, decidir a todas as horas, propetivar a cada momento, e antecipar sempre os próximos dez problemas fundamentais. Salvar o país tem a mesma exigência, embora com naturezas emocionais diferentes, do que a busca desenfreada por um medicamento para o Covid-19. Aliás, a analogia é perfeita. Mais que perfeita. Na crise pandémica, neste momento, o mais importante é descobrir um medicamento, que trave as mortes, e descanse os infetados. A vacina vem depois. E por isso estão centenas ou milhares de cientistas nessa corrida louca. Aplica-se ao país. O que o Governo tem de fazer, agora, com toda a pressa, é usar todos os medicamentos de que dispõe. E dispõe de muitos. Depois vem a vacina, que deve será a UE, mas essa chega sempre atrasada, medrosa, e disfuncional.