Há, nesta crise, como em nenhuma outra, um dever inalienável do PR, do Governo e da Assembleia da República: não deixar que o país morra. Mas devagar, devagarinho, o país está a morrer. E todos a ver. E todos a perceber. O Conselho de Ministros anunciou ontem uma série de medidas importantes. À primeira vista. Mas hoje, lidas à lupa e já promulgadas, há um persistente desencanto geral. Confusão. Falta de esclarecimento. São tantas as dúvidas, as pré-condições, os pressupostos para cumprir, que dificilmente haverá tempo, e resistência, para se chegar lá.
Nesta fase, nesta tragédia, o Governo não pode continuar a ser ineficaz. Burocrata. De meias medidas. De paninhos quentes. Mais: não pode atirar as responsabilidades para cima de outros. Neste caso para os Bancos. Desde a burocracia ao dinheiro. Assim, sem mais, qualquer medida aparentemente benéfica vai anular-se na incapacidade de os bancos, que já são poucos, acorrerem a milhares de pedidos urgentes dos privados e empresas. Não têm capacidades instaladas nem funcionários suficientes. Não estão preparados para uma avalancha incontrolável de moratórias, novas linhas de crédito, e sei lá que mais.
E Março não será nunca o pior mês desta loucura. Porque apesar de tudo, pelo menos durante 15 dias, as empresas ainda trabalharam. Esperem por Abril, Maio, Junho e outros tantos. Ou pelo ano inteiro.
Nota à margem: os EUA ultrapassaram a China em número de casos de coronavírus. É a grande e macabra notícia. A sério? Será que ainda não percebemos que os números da China não correspondem a nenhuma verdade? Lembram-se de Chernobyl?