Dia 20.
Nelson Mandela, mais do que ninguém, conhecia bem este tema. Ele que viveu 27 anos em cativeiro, confiando a uma cela em Robben Island ,sempre foi buscar a sua força interior a uma coisa essencial: a esperança. “É uma arma poderosa e nenhum poder no mundo pode privar-te dela”, disse. Sem esperança, ninguém resiste a uma provação ou uma travessia no deserto.
É isso que hoje nos falta. Uma pitada de fé no futuro, no que vem aí de melhor, no que nos pode – vai – tirar disto. O discurso dos políticos e das equipas médicas tem sido eficiente, mas desesperançado. Sem apontar uma luz ou um timing. Entende-se que não possam prometer o que não conseguem garantir. Mas não ajuda nada ao ânimo nacional puxar para baixo sem deixar uma nota de otimismo.
Não sabemos quanto tempo podemos ficar nesta situação de clausura e contenção, inibidos de sair e viajar, com os restaurantes, as lojas e as empresas fechados. Não sabemos quando é que grupos de mais de cinco pessoas vão deixar de ser um perigo ajuntamento nem como evoluirá a curva dos contágios em Portugal e no resto da Europa. Não sabemos quando chegará a ansiada vacina. Tudo isto, agora que é renovado o Estado de Emergência, são muitas incertezas para lidar, sobretudo quando delas depende a nossa subsistência financeira.
Mas uma coisa pode ser uma pequena luz ao fundo do túnel. Algo onde nos podemos agarrar. Há novos medicamentos antivirais que estão a dar resultados extraordinários. A história desenvolvida pode (e deve) ser lida na edição desta semana da VISÃO que chegou hoje às bancas ou a à versão digital, num completo trabalho das duas jornalistas especialistas em Saúde – Catarina Guerreiro e Sara Sá – que explicam todas as linhas de investigação e apontam os caminhos mais avançados. Este tratamento em concreto é feito por via intravenosa durante dez dias e parece bloquear a replicação do vírus, travando a doença. É experimental, mas já foi dado a milhares de doentes no mundo, inclusive em Portugal. E em breve pode vir a começar a ser produzido em larga escala.
Uma Covid-19 menos mortal é mais fácil de tratar e combater. Enquanto não chega a vacina, agarremo-nos a esta esperança. Sempre é melhor do que nada.