O “25 de abril” tinha 19 anos quando surgiu nas bancas a “VISÃO”. Num país governado por Cavaco Silva, a Educação estava em “pé de guerra” com os alunos a enfrentaram uma carga policial depois de forçarem o acesso à escadaria da Assembleia da República. E, mais tarde, com quatro estudantes a mostrarem o rabo à então ministra da Educação. Uma rebeldia que levou a mais bem preparada geração do país a ser apelidada de “rasca”.
Volvidos 30 anos, o país mudou. As pessoas mudaram e mudou a forma como olhamos para o nós. Hoje o mundo está à distância de um clique, as redes sociais tomam de assalto o 4.º poder e os media continuam a fazer diferente sempre na defesa de um lugar que é seu por natureza.
E o País? A várias velocidades, governado por quem parece só conhecer os grandes centros urbanos.
Mas avançámos. Na Saúde temos hoje um dos maiores Centros de Investigação Médica (privado) e os nossos investigadores são cada vez mais reconhecidos pelos seu pares. No setor público a saúde não está tão pujante. O país que se congratula por ser caso de sucesso por ter diminuído drasticamente a sua taxa de mortalidade infantil, é o mesmo onde – e tal como em 1993 – o doente tem de ir de madrugada para a porta do Centro de Saúde para ser consultado por um médico. Médicos que, de acordo com o estudo Marcas de Confiança 2023, são os profissionais em quem os portugueses mais confiam.
Mas avançámos. O turismo representa hoje uma das maiores fontes de receita e os turistas chegam por terra, por mar e pelo ar. Ainda não temos um novo aeroporto (nem vamos ter nos próximos 15 anos), mas construímos pontes e estradas. Vias que trazem cada vez mais imigrantes para o país que se queixa de não ter mão de obra. Onde estarão as mais de 15.082 pessoas desempregadas que os dados oficiais revelam?
Mas o País avança! Avança com uma Justiça lenta e onde os processos se arrastam por décadas (coisa que interessa aos poderosos), onde muitos casos acabam por morrer na secretaria ou embrenhados em manobras dilatórias.
Sei que falar é mais fácil do que executar. Mas quando se tem maiorias governativas poderíamos apostar e fazer acontecer, por exemplo, na Educação enquanto alicerce de desenvolvimento de um país. Só na posse do Saber é possível evoluir e, porque sonhar não custa, fazer de Portugal a Suíça da Europa. Como seria a capa da VISÃO nessa semana? A mais positiva de sempre!
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.