A semana que agora termina está a ser rica em acontecimentos. Lá por fora, duas cimeiras – do G7 e da NATO – parecem prometer ou comprometer uma nova ordem mundial, com os líderes dos sete países mais industrializados e os 30 Estados-membros da NATO empenhados em continuar a ajudar a Ucrânia, enquanto prometem aumentar a pressão sobre e presidente da Rússia e o seu regime.
Enquanto isso, na Cimeira do Mar Cáspio os líderes dos cinco países ao redor do grande lago (Rússia, Irão, Cazaquistão, Azerbaijão e Turquemenistão) olham para as “fronteiras marítimas” e falam na demarcação do fundo do mar e dos seus recursos, ao mesmo tempo que rejeitam a presença militar de navios de países terceiros e apelam para que o mar Cáspio se torne “uma zona de paz, boa vizinhança, amizade e cooperação”.
Por cá, na Cimeira dos Oceanos, ficámos a saber que há o compromisso de classificar 30% das áreas marinhas nacionais até 2030 e de ter a totalidade dos stocks de pesca nacional dentro dos limites biológicos sustentáveis (seja lá isso o que for, num país que recebe cada vez mais navios de cruzeiro). Com a semana a meio, e enquanto nos Estados Unidos o Supremo Tribunal revertia a lei sobre o aborto, por cá ficámos a saber que somos o décimo país da Europa com mais obstetras e ginecologistas por mil habitantes. No entanto, somos um país onde as grávidas continuam sem conhecer por antecipação a morada onde irão dar à luz, onde nascer passou a ser ao sabor do vento.
Em simultâneo e quase que num passe de mágico, o país foi informado por um Ministro sobre a opção do governo quanto ao novo aeroporto. E soubemos que afinal a solução passa por um aeroporto complementar no Montijo e de que Alcochete será a localização do futuro aeroporto de Lisboa, o que implicará fazer nova travessia no Tejo. Este anúncio fez estremecer metade de Portugal e acordar todos os partidos políticos, que se apressaram a criticar o tom e sobretudo a forma como se decide algo que é estrutural para o país.
Um abanão que no dia seguinte levou o primeiro-ministro a determinar ao seu ministro a revogação do Despacho sobre o Plano de Ampliação da Capacidade Aeroportuária da Região de Lisboa, pois (ao que parece e como é de bom tom em democracia) há que ouvir a oposição antes de decidir a localização do novo aeroporto.
Num país onde o Governo parece trabalhar tendo sempre presente os manuais do Marketing, toda esta história (que parece histeria) em torno no novo aeroporto deixa transparecer uma total falta de coordenação ao nível da comunicação e onde tudo parece servir para desviar a atenção de algo maior, não é de estranhar, por isso, que julho e agosto, meses de silly season, sejam “meses quentes”. O caos continua nos hospitais, no setor da saúde, mas acredito que será das bandas da Barbosa du Bocage que irão chegaram notícias de mudança.
O líder do PSD, Luís Montenegro, está prestes a assumir funções, espero que venha com garra para juntar a sua voz à oposição e ser o maestro de um grupo que tem como missão ser o próximo governo de Portugal.
E porque é de comunicação que fala, não posso terminar sem recordar que uma marca leva anos a construir, mas que bastam segundos para a destruir. O líder da Prozis, que deixou claro não precisar de Portugal, nem da Prozis, parece ter esquecido este ponto de honra para quem gere empresas. Vamos ver como reage a marca a este “teste de stress”, se continua a exportar 85%, se continua a ser um case study de sucesso.
Como é óbvio o seu líder tem todo o direito às duas opiniões, no início de toda a polémica achei até as críticas muito exageradas. Já a forma como Milhão reagiu no YouTube, insultando os consumidores e o País, usando uma postura e um discurso sem coerência nem poder argumentativo, causou danos reputacionais.
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