A atual legislatura está prestes a alcançar 60 dias e nestes dois meses os deputados eleitos pelo PSD à Assembleia da República parecem ter desaparecido do circuito habitual. Mas, pior do que estes só mesmo os dois candidatos à sucessão de Rui Rio. Deles sabemos o nome, que estiveram os dois na direção do partido quando o líder era Pedro Passos Coelho, que um, Jorge Moreira da Silva, foi vice-presidente do PSD e Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, e outro, Luís Montenegro, líder da bancada parlamentar. Até aqui é história!
E daqui para a frente?
Este fim-de-semana o PSD vai a votos, mas tenho a sensação de que não sou o único português eleitor que não conhece o programa, as linhas orientadoras destes militantes que aspiram à vitória do seu partido nas próximas eleições legislativas. Espero que estes candidatos se tenham lembrado dos militantes, e tenham enviado as suas moções de estratégia global com que se apresentam a escrutínio.
Mas, é o povo? Os eleitores flutuantes, aqueles que têm o poder de dar e tirar do poder partidos políticos?
Esses… esses parecem esquecidos, votados ao abandono pelos dois militantes candidatos a líder, que fazem uma campanha incógnita, sem comunicação. Nem um debate! Uma conversa entre os dois candidatos onde o português eleitor possa conhecer o seu pensamento para o país! Pronto, sabemos as posições quanto ao Chega, como se isso fosse o mais importante para o comum do eleitor que está atualmente mais preocupado com a real situação económica e social do país do que com as ligações do PSD a um partido que obteve 399.510 votos num momento em que a direita parecia e parece um “saco de gatos” de tão fragmentada que estava e está.
O eleitor comum quer e espera mais do PSD, o partido historicamente do arco de governação. Mas, sem conhecer atributos dificilmente aposta num líder de marca branca (ou pior, de primeiro preço) e consequentemente no seu partido, que tem de vencer as eleições para que o líder seja convidado a formar governo.
É de lamentar que os portugueses não conheçam o que diferencia Jorge Moreira da Silva de Luís Montenegro ou vice-versa, qual o território político que o futuro líder do maior partido da oposição quer/vai ocupar. A confiança constrói-se e só depois se conquista. Mas, para construir é necessário comunicar. E, esta campanha tem sido muda, tem sido feita à noite, pela sobra, sem luz, vestida de cor neutra.
Gostaria de estar enganado nesta minha previsão, tanto mais porque é o futuro do país, a oposição ao partido do Governo, que está em causa, mas assim o PSD ainda não chega lá. Quase que apetece perguntar: onde andam as militantes – sim, as mulheres – do PSD? Possivelmente só com UMA líder teremos um partido que congrega, que não se veste de cor neutra e exibe orgulhosamente o tom laranja. O que temos, por agora, não me parece que convença.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.