Há muito que queremos fechar os olhos e esperar que tudo passe. Rápido. Mudar por forças desta natureza chega a ser contranatura. Obrigados a mudar hábitos, formas de estar (ou de não estar), a forma como nos vemos uns aos outros – agora com mais de metade da cara tapada – e até obrigados a mudar de “ares”, quando possível.
Alguns estudos da neurociência já indicam que é possível assimilarmos novos hábitos em apenas 21 dias. Mas isso apenas acontece com muita força de vontade. O normal são 66 a 70 dias consecutivos de um comportamento ou enquadramento novo, para que consigamos juntar um novo hábito à nossa lista.
Ora, perante todo o enquadramento 2020, temos vindo a alinhar a nossa força de vontade para a procura pelo bem-estar e pelo bem-estar do próximo.
No setor imobiliário, é interessante perceber a forma como os clientes procuram esse conforto, principalmente no mercado alto – mais conhecido por segmento de luxo – onde temos assistido mesmo a novas considerações ao nível dos projetos de arquitetura. Sabemos igualmente que uma das principais características do cliente com elevado poder de compra é a procura pelo que se revela único ou exclusivo, que é também denominado Craftmanship – qualidade do design ou trabalho feito à mão, arte, ou feito à medida.
Juntar estas duas tendências leva-nos a reconhecer um novo objeto de procura por este tipo de cliente, que se mantém ativo e com capacidade de compra/ investimento.
Poder respirar no exterior e sem máscara, cuidar do corpo e da mente através do exercício físico e da meditação, trabalhar remotamente e num espaço propício e distinto da área de habitação, ter um contacto mais próximo com a natureza, deixar o stress e o Covid à porta de casa, são algumas das motivações que levam à procura por moradias com jardim ou apartamentos com aproveitamento de espaço exterior, terrenos para construção com projeto próprio e utilização de materiais de menor impacto ecológico, projetos ou imóveis com área destinada a Home Office – espaçoso e luminoso – entrada no imóvel com uma área de “descontaminação” e uma área privativa considerável para garantir as melhores condições para toda a família.
A nível nacional, vemos as zonas de Palmela, Praia Grande, Cascais e Ericeira serem palco destes novos pontos de criatividade ou adaptação arquitetónica em novos projetos familiares. O mercado internacional também as reconhece como destinos ideias para um novo estilo de vida, decidindo investir em Portugal e nestas zonas mais periféricas da cidade de Lisboa, apesar de alguns inconstantes ou mudanças constantes na política relacionada com o setor imobiliário – IMI para AIMI, Golden Visa em vias de extinção, Subidas de IMT… – que podem fazer com que se reequacionem muitos investimentos.
Por fim, algo que também mudou e veio para ficar, é a capacidade de dar resposta totalmente remota e digital a todo o processo de compra e venda de um imóvel quando a mobilidade está condicionada – contacto com os clientes, apresentação dos imóveis ou projetos, resolução de questões burocráticas, assinaturas de contratos (com exceção das escrituras), tudo sem que o cliente tenha de sair de casa.
Apesar de tudo, temos visto que o nosso bem-estar e o bem-estar do próximo começa especialmente aí – em Casa.