Com os casos de Covid-19 a ultrapassarem os 30 milhões e prestes a alcançar-se o milhão de vítimas mortais, basta um rápido olhar pelo mapa-mundo para perceber como a distribuição destas fatalidades não é homogénea, em termos geográficos. Uma constatação óbvia é a de que os gráficos de casos e de mortos são muito mais pequenos nos países que mais depressa responderam à ameaça da pandemia, e logo com todo o arsenal ao seu dispor: testes, aplicações digitais de rastreio e a imposição do uso de máscara e de outras medidas de higiene. Podemos não querer acreditar nos números da China, mas temos de reconhecer que na Coreia do Sul, Taiwan, Japão e noutros países asiáticos, os valores continuam a ser incrivelmente baixos, face ao que se vê na Europa e nas Américas – e sem nunca terem optado por confinamentos totais e prolongados.
Com o número de casos novamente a aumentar e os alarmes a soarem um pouco por toda a Europa, o pior que poderia suceder era sentirmo-nos surpreendidos e desprevenidos por uma qualquer saturação dos serviços de saúde, que possa ocorrer nas próximas semanas. Já se percebeu que a possibilidade de se recorrer a um novo estado de emergência é algo que precisa de ser evitado, pois, no estado em que nos encontramos, as consequências económicas arriscariam ser muito mais devastadoras do que as sanitárias. No entanto, também é preciso ter consciência de que isto não se resolve por milagre nem por condições climatéricas. Os próximos meses de outono-inverno vão ser de exigência máxima para todos, sem exceção. Serão meses que exigirão uma Administração Pública à altura do desafio e um Serviço Nacional de Saúde com profissionais motivados e bem apetrechados, mas sempre com a certeza de que o desafio só será vencido se existirem um forte espírito coletivo e um sentido solidário de cidadania entre todos.
Nos países asiáticos, onde se registam os bons resultados, não foi preciso chegar esta epidemia para se criar o hábito de sair à rua de máscara, quando se acorda constipado ou com uma febre baixa. Essa preocupação de não querer contagiar os outros pode parecer um ato simples, mas é decisivo numa epidemia. Ainda para mais no inverno que se aproxima. Devia ser este, por isso, o foco da comunicação dos serviços de saúde.