Portugal Space 2030 é a estratégia que pretende impulsionar Portugal enquanto uma nação que vê na Economia Espacial uma forma de crescer nas frentes científica, tecnológica e empresarial.
Este novo plano pretende gerar 2500 milhões de euros em negócio até 2030 e será alavancado, em parte, pela posição geoestratégica do país, bem como pelos seus principais recursos naturais – o mar e a floresta.
Entre as suas várias vertentes, antevê-se que a nova estratégia espacial promova o crescimento económico e a criação de empregos qualificados. Ambos os objetivos serão trabalhados através do estímulo e exploração de dados espaciais, promoção do desenvolvimento e operação de sistemas e serviços, e pela capacitação das competências científicas em atividades da indústria espacial – que se considera como o conjunto de atividades de produção de sistemas que visitem, orbitem ou observem o Espaço ou a Terra.
Para cumprir os objetivos do Portugal Space 2030, surge, em 2019, a Agência Espacial Portuguesa, também conhecida como Portugal Space, que se focará, essencialmente, na promoção, suporte, capacitação e liderança da indústria espacial portuguesa.
Apesar de 2018 ser um marco na história para esta indústria, pela aprovação em conselho de ministros da estratégia Portugal Space 2030, há dois momentos que o antecedem e que são fulcrais para termos atingido este estágio:
O primeiro foi em 1993, ano em que Portugal deu o seu primeiro grande passo na indústria espacial com o lançamento do PoSAT-1, o primeiro satélite português a entrar em órbita. Este projeto foi especialmente importante para validar a capacidade das empresas e universidades portuguesas no desenvolvimento e operacionalização de um sistema espacial complexo.
Sete anos mais tarde, já em 2000, e não menos importante, foi o arranque da participação lusa na Agência Espacial Europeia (ESA – European Space Agency), o que permitiu que fosse criado um conjunto de competências técnicas em diversas frentes, desde a construção de sistemas físicos e inteligentes, à utilização de dados de instrumentos espaciais. Também neste período, começa a surgir e a solidificar-se um conjunto de pequenas e médias empresas nacionais focadas na Economia do Espaço. Além disso, a população em geral começa a usufruir dos dados recolhidos por instrumentos espaciais, como em serviços de previsão meteorológica, telecomunicações e sistemas de posicionamento global (GPS).
Pela sua história, capacidade e conhecimentos tecnológicos, o país está pronto para evoluir dentro desta indústria. Nos próximos anos, antevê-se que o mercado do Espaço evolua em três frentes, com as quais também Portugal poderá usufruir economicamente.
A primeira será a democratização da utilização do Espaço, impulsionada pelas necessidades criadas e pelo reconhecimento das capacidades e potencial que os instrumentos espaciais provaram ter nas últimas décadas. Nesta nova realidade, os serviços de telecomunicações e posicionamento terão preços cada vez mais acessíveis e começarão a ser desenvolvidos sistemas mais pequenos, robustos e baratos que permitam dar resposta a um mercado com um crescente interesse pelo Espaço. Como resultado, serão necessárias novas formas de lançar satélites, que sejam mais económicas e menos poluentes. Igualmente importante, e que também está a ganhar uma expressão gradual no mercado, é o turismo espacial que, pela capacidade financeira dos seus primeiros tripulantes, levará a grandes evoluções tecnológicas e de mentalidades, e que também fomentará as viagens interplanetárias.
Um segundo ponto prende-se diretamente com a ciência e inovação que – com o seu crescimento e evolução exponencial – nos permitirá monitorizar melhor um mundo em constante mudança, bem como aumentar a nossa compreensão sobre o desconhecido. Este desenvolvimento será potenciado pela evolução constante dos sensores a bordo dos satélites e pela implementação de sistemas altamente complexos, como o caso do Extremely Large Telescope ou o Square Kilometre Array.
Por fim, será necessário apostar na gestão do Espaço, onde soluções de recolha, manutenção e transformação de sistemas espaciais obsoletos se irão tornar fundamentais para a exploração sustentável da economia do Espaço.
Para cobrir as necessidades crescentes e estar à altura dos desafios e oportunidades colocados por este mercado, a indústria e as universidades portuguesas deverão preparar-se para a necessidade de ter dois tipos de conhecimentos: científico, para desenvolver novos sistemas, e o tecnológico, para os operacionalizar. Só desta forma será possível cumprir os objetivos do Portugal Space 2030.