A campanha para as eleições europeias de 26 de maio, que serve também de “aquecimento” para as legislativas de 6 de outubro, já está na rua. De resto, por parte de alguns partidos já há bastante tempo, até em cartazes. Caso mais notório o do CDS, com grandes retratos do seu cabeça de lista, o já eurodeputado Nuno Melo. Não se vê, no entanto, uma generalizada campanha contra a abstenção, que os próprios partidos deviam promover, independentemente da oficial que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) há de lançar. O que creio já se ver é não ser dado o devido relevo, como espécie de questão prévia à campanha partidária, à importância destas eleições, posto que a chamada “Europa”, a UE, tem cada vez mais influência na vida de cada país que a integra – e, por isso, de cada um de nós. Sendo assim, é inadmissível que em 2014 em Portugal só tivessem votado 33,67% dos recenseados, percentagem inferior à já muito baixa média europeia de 42,54%.
Ora, só poderá contribuir para que tão lastimável situação se repita uma campanha em que não se exponha com rigor e clareza a importância deste sufrágio, quais as principais questões/opções em jogo, o que defendem face a elas – e no que se distinguem – as forças políticas concorrentes, a nível nacional e dos grupos que no Parlamento Europeu (PE) irão, ou não, integrar. Como para tamanha abstenção contribuirá o centrar muito a campanha em pessoas, mormente nos cabeças de lista, com os encómios e os ataques inerentes. A campanha do CDS, como referido, foi a primeira nesse caminho, que outros parecem também seguir. E, por exemplo, sendo natural que o BE aproveite o reconhecido muito bom trabalho de Marisa Matias no PE, e o seu desempenho como candidata a Presidente da República com mais de 10% dos votos, não parece curial a forma violenta como Paulo Rangel, do PSD, outro nº 1 repetente, tem combatido o seu “homólogo” do PS.
O PS, aliás, não escolheu o seu cabeça de lista com um critério eleitoralista. Ou, se o critério foi esse, errou redondamente na escolha – ou estou eu redondamente enganado… De facto, creio que Pedro Marques (PM) não é, pelo menos do ponto de vista eleitoral, um bom nº 1 (mesmo a nº 2, Maria Manuel Leitão Marques, seria melhor). E a aprovação que António Costa tem, como chefe de Governo, não se transmite em potencial de votos para Pedro Marques através dos muitos abraços, de par com elogios, que lhe vai prodigalizando. Nem é a menear-se em cima de um carro, num cortejo de Carnaval, que PM conquista mais votos – e ainda menos ganha outras coisas que precisa de ter…
As europeias são, de resto, as eleições em que o PS, estando no Governo, terá mais dificuldade em conseguir um bom resultado, na ordem dos 37/38% que as sondagens, não especificamente para elas, hoje lhe dão (nas anteriores teve 31,46%). Já para o PCP será difícil manter os seus 12,68%, enquanto o BE seguramente subirá dos seus escassos 4,56%. O PSD e o CDS em 2014 concorreram coligados, deixámo-los agora fora destas contas. A estreante Aliança poderá ou não eleger Paulo Sande, que tem o mérito de ser especialista em assuntos europeus, quem decerto não será eleito é Marinho Pinto, que há cinco anos liderou a lista do MPT, que conseguiu 7,14% e dois mandatos, agora disponíveis..
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