Lamento, mas não acredito que o bispo Ornelas tenha mesmo pensado que errou e foi infeliz naquele nojo moral que foi a conferência de Imprensa, que os bispos deram sobre os abusos sexuais na Igreja. Tenho pena, mas também não creio que o bispo de Beja se tenha enganado com a conversa de que se tem de perdoar os abusadores e as atitudes pouco católicas dos que criticam a Cúria. No momento em que escrevo, o bispo de Santarém ainda não afirmou que não era bem aquilo que queria dizer, quando desculpou um padre pedófilo, porque, coitado, o homem andava deprimido. Mas aposto que o vai fazer.
Não acredito nestes três cidadãos, porque tudo nas suas vidas, e sobretudo na organização para a qual trabalham, faz com que seja evidente que as afirmações que primeiro fizeram são as que correspondem ao que de facto acreditam e sempre acreditaram. O declarado arrependimento não vem de terem pensado melhor, nem os seus pedidos de desculpa resultam de qualquer reflexão sobre como comunicaram. São, antes, um misto de choque e de surpresa, e, claro, segue-se a mentira que tem sido uma espécie de assinatura da instituição.