Recentemente, um candidato a Presidente do Brasil, que nega valores democráticos essenciais, que pôs em causa a separação de poderes, que promove as mais absurdas mentiras e que em nenhum momento reconheceu a derrota eleitoral, teve 58 milhões de votos, apenas menos dois do que o candidato vencedor.
Escrevo no dia das eleições para o Congresso norte-americano, mas não será muito arriscado apostar que vencerão muitos candidatos com uma visão distorcida do que é uma democracia, ou melhor: que de facto não acreditam na democracia liberal e acham que o Presidente Biden ocupa ilegitimamente o cargo. Aliás, na sua maioria, os candidatos republicanos ao Congresso são negacionistas dos resultados das presidenciais. (Importa sempre lembrar que os negacionistas de agora, nomeadamente os brasileiros e os norte-americanos, já ganharam eleições e também, em abono da verdade, que a campanha para o impeachment de Trump era baseada numa possível interferência externa que teria adulterado o processo.)