Os congressos partidários têm sempre um momento, que se quer apoteótico, em que nos ecrãs se mostram imagens dos antigos líderes. No congresso do PSD, no último fim de semana, também não faltou o filme do costume. Destacaram-se dois ex-presidentes do partido: Passos Coelho e Marcelo Rebelo de Sousa. O ex-primeiro-ministro pelos aplausos entusiásticos, e o atual Presidente da República pelo gelado acolhimento.
Os problemas do PSD são conhecidos. O que era pragmatismo, e o que o levou várias vezes ao poder, transformou-se em ideologia, fazendo o partido refém das convicções políticas dos líderes que flutuaram entre uma espécie de liberalismo de badana de Passos Coelho até à social-democracia mal estudada de Rui Rio. Isto levou a que os portugueses deixassem de perceber o que de facto o PSD quer para o País e fez com que não só o eleitorado flutuante o abandonasse como também parte daquele que lhe era fiel. Depois, o mandato de Passos Coelho, justa ou injustamente, fez com que partes da população, em que o PSD tinha tradicionalmente muito apoio e sem as quais não se consegue ganhar eleições – funcionários públicos, reformados e pensionistas –, abjurassem o partido.