Continuo a pensar que ter agora eleições é mau para o País. Mas olhando para aquilo que se está a passar fico com a sensação que é pior termos um OE que seja uma manta de retalhos, vivermos um ano de instabilidade e, no fundo, termos um governo de gestão que não pode implementar uma estratégia coerente. E tudo isto numa altura em que o País vai entrar num período em que se decidem questões fundamentais para o nosso futuro coletivo, como é o caso evidente do PRR.
É preciso uma clarificação. Não ignoro que é muito provável que a relação de forças no Parlamento pouco se altere e que até exista um crescimento da extrema-direita, mas já se percebeu que os acordos à esquerda deixaram de ser possíveis e, a existirem, serão muito circunstanciais.
Pois, o mundo é o que é e não o que gostávamos que fosse: o PSD continua a estar infinitamente mais próximo do PS do que o BE e o PCP. Viver nesta artificialidade, nesta mistificação de que há um bloco constituído pelos PS, BE e PCP não traz nada de bom.
Negociar é intrínseco à democracia. Quem é democrata prefere um mau acordo a um diktat. Mas viver nesta barganha sem sentido que se arrisca a prosseguir para além deste período é que não. Será andar num pântano em que cada passo não será para a frente, mas para o fundo.
Perguntemos a quem tem de ser perguntado, numa democracia, o que se quer para o País.
Se for isto no que vivemos, será nossa responsabilidade, mas não existirão dúvidas.
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