No meu percurso profissional, que tem sido maioritariamente em Nova Iorque, já fui entrevistado muitas vezes e já entrevistei outras tantas. Tanto, que como muitos, penso que é igual em todo o lado. Em conversa, amigos em Portugal disseram-me que não era bem assim. Ah, o fenómeno da aculturação, até no mundo corporativo.
Por cá, a minha experiência nos processos de entrevistado e entrevistador sempre foi de muita transparência e de ir direito ao assunto. Normalmente, o processo acontece por uma chamada telefónica ou uma videoconferência, e algumas vezes em pessoa. A tecnologia em função de eficiência, Nova Iorque no seu melhor! Mas questiono-me se não se perderá um pouco na qualidade da avaliação, pois há menos conexão humana, e terá isso algum custo?
Ao olhar para o passado, reparo também em diferenças nas experiências e sentimentos como entrevistado ou entrevistador. Ao falar das minhas situações de sucesso na carreira, ao ser entrevistado, sinto pequenas vitórias e orgulho nos obstáculos e conquistas feitas. Porém, ao descrever situações que não correram tão bem, o primeiro sentimento é o de falha, e que errei, porque será? Já quando entrevisto, e escuto ou partilho, situações profissionais que não correram bem, vejo-as como oportunidade de crescimento e observo a reação à situação mais do que propriamente o resultado.
Será bom ser o meu pior crítico?
Há uns anos diria que sim, tudo pela perfeição, essa era a minha visão até há algum tempo atrás. Não sei se é dos 40 anos, mas agora acho essa atitude menos saudável e sustentável.
Continuo a achar bom continuar a ter uma consciência crítica e ter presentes os meus resultados, porém, subscrevo o cliché, de que a aprendizagem e a satisfação está no percurso, e não no destino.
Mais, ao escrever esta crónica questiono-me na minha vida pessoal, será que é igual? Será que tenho a mesma visão? Concluo que, quando for grande, quero que as “entrevistas e entre vistas” na minha vida pessoal, sejam exatamente como são as profissionais são agora. Há que aprender e aproveitar e focar no percurso, versus por toda a energia no destino.
VISTO DE FORA
Dias sem ir a Portugal: 144 dias.
Por aqui, fala-se muito das acções do Presidente descritas pelo antigo advogado, e do impacto das mesmas.
Sabia que por cá o trabalho o que chamaria de trabalho a tempo inteiro (ou contrato em Portugal), por cá não é fixo, e não tem termo, ou seja, pode-se cancelar (despedimento ou demissão) no próprio dia por ambas as partes, empregado e empregador.
Um número surpreendente, mais de 4 milhões de empregos em Nova Iorque, no final do ano passado, no sector privado, de acordo com o governo local.