Os avisos estão a ser dados de forma repetida e em todos eles, em qualquer latitude, aparece a palavra caos. Antes da abertura da cimeira do clima, que decorre no Egito, António Guterres recebeu o relatório da Organização Meteorológica Mundial que prevê que os últimos oito anos serão os mais quentes de sempre no planeta, e não calou a sua preocupação. “É a crónica do caos climático”, exclamou o secretário-geral das Nações Unidas sobre o relatório que destaca e enumera a velocidade catastrófica das alterações climáticas. Na China, no congresso que o entronizou como líder para a vida, Xi Jinping avisou a nação mais populosa que deveria preparar-se para tempos de “mudança e de caos” no mundo. Uma ideia que repetiu, há poucos dias, após o encontro que manteve com o chanceler alemão, Olaf Scholz, no qual ambos não esconderam a sua preocupação face à possibilidade de a guerra na Ucrânia se tornar um conflito nuclear. Nos EUA, Joe Biden passou também os últimos dias a alertar os norte-americanos para o perigo de elegerem candidatos que se recusam a aceitar os resultados expressos nas urnas, em eleições democráticas. “Esse é o caminho para o caos na América”, alertou, de forma dramática, num derradeiro esforço para tentar evitar o desastre anunciado.
Caos, caos, caos. A palavra é usada com cada vez maior frequência e a propósito de quase tudo. Estes três exemplos são apenas a face mais visível de uma perceção que alastra, de forma imparável, num mundo fragilizado por múltiplas ameaças e por demasiadas incertezas. De repente, todas as crises parecem surgir ao mesmo tempo, e de forma avassaladora, em que se mistura a economia, a política, a guerra e o clima, de uma forma que vai muito para além daquilo a que costumávamos chamar de “tempestade perfeita”.