Suponhamos que, um dia, um helicóptero sobrevoa uma comunidade e atira notas, que, obviamente, serão recolhidas pelas pessoas. Mais: suponhamos que as pessoas estão convencidas de que este é um evento único, logo, que nunca se repetirá.” Começava assim a proposta arrojada, apresentada pela primeira vez em 1969, pelo prémio Nobel Milton Friedman, que se vulgarizaria como “dinheiro de helicóptero”. Uma medida apenas prescrita em situações muito excecionais, quando descer taxas não estimula uma atividade económica fraca num ambiente de baixa inflação.
Hoje, vivemos tempos distintos, em que a economia ainda não cai, mas a inflação dispara, tendo em conta uma situação excecional ditada por uma guerra. Ainda assim, o conceito subjacente às medidas para as famílias do plano de resposta ao aumento dos preços, apresentadas esta semana por António Costa, é semelhante: “atirar” dinheiro às pessoas para compensar parte da perda de poder de compra, injetando liquidez e evitando assim um maior impacto futuro ao nível do crescimento económico.