Sempre que ouço uma pessoa relatar a sua experiência de contacto com formas de vida extraterrestre, o que me impressiona mais não é a confirmação da existência de alienígenas, é a frequência com que seres de outros planetas procuram a Terra para conviver com gente maluca e/ou bêbeda. Se um ser pertence a uma civilização que possui tecnologia suficientemente avançada para construir uma nave que lhe permite viajar durante milhares de anos-luz e depois escolhe abordar sobretudo as pessoas malucas e/ou bêbedas de outro planeta, talvez isso signifique que as pessoas malucas e/ou bêbedas detêm alguma espécie de sabedoria cósmica ou segredo especial. E, dada a conhecida obsessão dos extraterrestres pela introdução de sondas anais, fica também claro que essa sabedoria ou segredo se encontra no rabo das pessoas malucas e/ou bêbedas. Que o rabo dos malucos e/ou bêbedos seja sistematicamente ignorado pelos cientistas terráqueos talvez explique o atraso tecnológico da Humanidade. Enquanto não dedicarmos a essa área de estudos a atenção que ela merece, continuaremos a não ir muito mais longe do que a Lua.
As empresas de sondagens, embora recorrendo a outros métodos (espero eu), também sondam terráqueos em busca de informação. Por vezes, talvez por terem sondado igualmente sujeitos malucos e/ou bêbedos, não conseguem obter dados especialmente fiáveis. Foi o que aconteceu, mais uma vez, em Lisboa. Todas as sondagens davam uma vitória folgada a Fernando Medina, mas os resultados eleitorais deram uma vitória apertada a Carlos Moedas. Imediatamente, políticos e comentadores de esquerda e de direita dedicaram-se ao exercício habitual de fazer conjecturas sobre os efeitos das sondagens. Como se trata de uma especulação acerca de uma especulação, as reflexões acabam por ser um bocadinho especulativas. Para a direita, as sondagens tiveram como objectivo desmobilizar os eleitores de Moedas, apresentando a derrota como fatal; para a esquerda, contribuíram para desmobilizar os eleitores de Medina, dando a vitória como garantida. É difícil entender porque é que as sondagens haveriam de desmobilizar selectivamente o povo. Porque é que um lado haveria de desmobilizar por considerar que a vitória era certa e o outro lado não desmobilizaria mesmo entendendo que a derrota era inevitável – e vice-versa? Talvez valesse a pena fazer uma sondagem sobre o assunto, mas só entre gente sectária. Não será difícil encontrar um universo vasto.