Os tigres não são assim tão perigosos. Sabemos que esta não é uma opinião popular hoje em dia, mas os poderes que se escondem por detrás da situação que vivemos neste momento não conseguirão calar-nos. Não negamos que o convívio com tigres pode constituir algum perigo para pessoas mais lentas, ou que não estejam munidas de armas de fogo, ou que estejam munidas de armas de fogo mas tenham má pontaria. Porém, em caso algum justifica o exagero dos meios de comunicação social, que insistem em realçar constantemente os números de pessoas que, enfiando um braço na jaula do tigre, ficaram sem ele. Esses números só servem para alimentar o medo na população e escamoteiam a realidade. De facto, e ao contrário do que os telejornais têm dito, enfiar o braço na jaula do tigre não é perigoso – por exemplo, quando a jaula está vazia, ou quando o tigre está entretido a roer o braço de outra pessoa. Mas a atenção dos média aos casos em que as pessoas ficam mesmo sem o braço tem contribuído para gerar um pânico injustificado. O exagero das medidas implementadas, com proibição da introdução do braço na jaula do tigre, é altamente nocivo e impede a vida em liberdade. Além disso, prejudica a economia, designadamente a indústria das próteses, que florescia antes destas interdições impostas ao nível global.
No entanto, e com muita pena nossa, o movimento “Zoólogos pela Verdade” vai ter de ficar por aqui. Infelizmente, os membros do movimento sucumbiram à perseguição e ao sofrimento que lhes foram infligidos por colegas de profissão – que, com a ajuda de uma poderosa máquina de propaganda ao serviço não se sabe de quem, procuram impor a ideia segundo a qual as dentadas de tigre aleijam. Alguns outros membros do movimento “Zoólogos pela Verdade” têm de lidar ainda com o facto de, por causa de uma admirável fidelidade às suas ideias, terem enfiado os dois braços na jaula do tigre, tendo perdido ambos, pelo que, neste momento, estão confrontados com uma maior dificuldade de escrever posts no Facebook. Mas continuamos convencidos de que temos razão e, no final, cá estaremos para fazer contas, desde que essas contas não se façam pelos dedos, por causa dos motivos acima referidos.
(Crónica publicada na VISÃO 1458 de 11 de fevereiro)