Há umas escadas em pedra. Penso que ficavam perto da pousada onde os escritores estavam hospedados, mas não tenho a certeza disso, lembro-me de que não andámos muito até lá. O fotógrafo pedira-me para o acompanhar à beira-rio e, ao reparar naquelas escadas, Finja que está a subi-las. Eu obedeci, maravilhosamente descontraída no meu confortável conjunto de calças cinzentas e t-shirt, cabelo despenteado num rabo de cavalo, maquilhada para parecer que não estava. Segui as indicações, o corpo em movimento ascendente, a cabeça voltada para a esquerda, ligeiramente para baixo, para a câmara. Terei sido eu quem deu conta da mulher que descia. Satisfeito com a minha imagem no visor da máquina, concentrado na tarefa de me registar, o fotógrafo foi surpreendido pela entrada dela no enquadramento, mas, ao ver-me cumprimentá-la, continuou a disparar, É para isto que escrevemos?!, disse eu, sorrindo, indecisa entre a interrogação e a exclamação. Nessa manhã vira aquela escritora na sala do pequeno-almoço da pousada. O fotógrafo baixou a máquina e esperou que ela se afastasse. A pata-choca.
Na verdade, as coisas não se passaram assim.