Café Central
Querido, troquei a casa
Henrique Costa Santos conta um episódio daqueles em que a realidade supera claramente a ficção e que, neste caso, envolve a troca de duas idosas na altura da alta hospitalar

Debate-chapas
Quando o assunto é mobilidade, parecem erguer-se automaticamente duas barricadas: de um lado, os amantes do tubo de escape, que desprezam o clima, todavia avaliam o impacto económico, conhecem as questões seríssimas, das quais a operacionalidade ou o comércio; do outro, os ditos neo-hippies das bicicletas, sonhadores incuráveis, dos que almejam um mundo verde e vegan, “imagine all the people”, um paraíso onde o dinheiro não existe e as cidades são florestas. A realidade não é assim

Uma situação séria
Somos, aliás, todos ateus até que a pessoa do outro lado do telefone não percebe as instruções à terceira. Da próxima vez que estiver perto de bradar aos céus porque o interlocutor não está a apanhar as indicações, lembre-se desta aterragem

A Língua Portuguesa é mêmo top
Há quem perca demasiado tempo a avaliar sotaques, em vez de perceber que as diferentes pronúncias são o sal e o açúcar do amor à língua

Não há liberté sem egalité
É o recorde da ultradireita em França. Cinco anos de mandato conturbado bastaram para que uma das mais sólidas democracias europeias escapasse por pouco

Desculpe, o senhor tirou senha?
Na prisão de Coimbra, um preso em fuga entregava-se à justiça. Fugido no estrangeiro há meses, o homem dirigiu-se ao estabelecimento prisional e deu o seu nome e número de identificação. Quis entregar-se. Só que esta bela história de redenção, tão simbólica da cristandade pascal, acabou por não dar corpo ao belo conto que prometia. Talvez por estar demasiado tempo fora, o distinto arrependido olvidou-se de que isto é Portugal. E em Portugal nenhum processo vinga sem a sacrossanta e válida documentação

Pelos vistos, Gold
Os super-ricos compram o seu direito sem que nenhum quarto Pastorinho se apoquente

Aviso: Este texto pode prejudicar a sua saúde
O novo programa europeu contra o cancro trouxe desafogo aos produtores portugueses de vinho. Porquê? Porque afinal não passará a ser obrigatório incluir avisos alarmistas sobre os riscos do álcool nos rótulos das bebidas. Esteve quase. Por agora, podemos recuperar as horas de sono que perdemos nos últimos dias. Isso, claro, e brindar aos nossos belos rótulos

Ordens do Chefe Bezos
Se a Torre de Belém, ou a dos Clérigos, impedirem a aterragem de um helicóptero, não vamos demoli-las e reconstruí-las para dar licença. Ordena-se, sim, ao ilustre helicóptero que vá dar a volta

Câmara Municipal de Portugal
À saída de uma pandemia onde a teia de interdependência global se evidenciou como nunca, o debate aconteceu como se vivêssemos num aquário. Na Câmara Municipal de Portugal

Autoridades com patentes
Depois de as grandes farmacêuticas recusarem a partilha das fórmulas, com o aval de uma boa parte dos líderes mundiais, a Corbevax pode fazer acelerar a vacinação nos países pobres, prevenindo a doença, a morte e os caldeirões de novas variantes

Debates marciais
Este formato só favorece o populismo, além do mais. Em doze minutos e meio, é impossível esclarecer um programa político, traçar diferenças, explicar opções. Sai a ganhar quem tem a língua mais afiada, quem surfa o soundbyte, quem é vazio de ideias, mas pródigo em táticas rasteiras. A ética, a elevação e o espírito democrático partem em desvantagem

Ano de luz
A vida pré-pandemia parece já algo apenas ao alcance dos super-telescópios. Cabe-nos entrar no novo ano com a esperança de que a Organização Mundial de Saúde esteja certa: 2022 pode ser o fim da pandemia

O verde da nossa bandeira
Para os portugueses, receber 273 refugiados do Instituto de Música do Afeganistão é um exemplo daquilo que mais nos deve orgulhar

O Pai Natal não existe
Valha-nos São Nicolau, santo padroeiro da Rússia, Grécia e Noruega, patrono das cidades de Moscovo e Amesterdão. Ou talvez não. O rumo do País não é matéria para velinhas ou peúgas à lareira. Cabe à política construir futuro, criar motivos para acreditar que existe um

O sistema está em baixo
A saga de Henrique Costa Santos numa interminável fila para um Loja do Cidadão, numa madrugada de dezembro em que "a internet" foi abaixo

Cheque Musk
Parece haver pudor em falar no assunto, mas há que romper o tabu. Não podemos estar dispostos a perpetuar a pobreza, a estrangular a classe média, a demolir direitos básicos, a subfinanciar a Saúde, a Educação, a Cultura, a prescindir da mais elementar justiça social, a ver o planeta ruir – tudo para não enfadar pessoas cuja conta bancária parece um erro matemático. Henrique Costa Santos na sua nova coluna Café Central
