Café Central

Votar com o dedo do meio

Há um dito que diz “quando um sábio aponta o céu, o tonto olha para o dedo”. Perante um milhão de pessoas a votar com o dedo do meio, há que saber olhar para o céu

Henrique Costa Santos
Café Central

Cabelo à lua

Nenhum governo trará justiça e prosperidade ao País sem criar espaço para refletirmos e agirmos sobre o nosso tempo. Sobre a cultura, sobre a ciência, sobre o ambiente, sobre o futuro. Nada disto é matéria de extraterrestres

Henrique Costa Santos
Café Central

1% (do debate) para a cultura

Já aqui critiquei o formato dos debates eleitorais. Não compreendo uma grelha televisiva que dá quinze minutos a cada candidato, três perguntas e ala que se faz tarde, e logo oferece horas intermináveis ao comentário sobre o mesmo debate. Alô, futebol? Tudo neste formato promove o espetáculo televisivo, onde uma conversa civilizada será sempre “morna”, aborrecida, e o golpe baixo será “disruptivo”, um pico de audiências

Henrique Costa Santos
Café Central

Spotify: toda a música do mundo por 0,002€

Para conseguir pagar um jantar, um artista tem de ser ouvido dez mil vezes. O streaming faz as maravilhas dos utilizadores – eu sou um deles -, oferecendo o milagre de levar no bolso uma riqueza incalculável, o melhor que já se fez na música. Infelizmente, à moda do admirável novo mundo, os verdadeiros autores do trabalho são compensados com a vaga “oportunidade” de estarem expostos numa montra mundial. O mal é que essa grande oportunidade não paga contas

Henrique Costa Santos
Café Central

Hot Clube: a Alegria de porta fechada

O Hot é, há décadas, uma instituição incontornável no panorama cultural e artístico nacional - na formação, criação e produção musical - e o seu encerramento é assunto da cidade e do país

Henrique Costa Santos
Café Central

Prognósticos só no final do ano

A forma como permitimos que os algoritmos penetrem na nossa vida íntima, do acordar ao deitar, durante as refeições, o trabalho e as pausas, sozinhos ou acompanhados, com informação filtrada e emoções primárias, está a intoxicar-nos

Henrique Costa Santos
Café Central

O tio facho, a prima comuna

Sei que, para muitos, lidar com a família é um exercício diplomático de alto risco. Dito isto, acho a generalização deste estereótipo – o tal familiar que tem de ser posto na ordem – sintoma de um processo de balcanização em curso, com o qual perdemos todos

Henrique Costa Santos
Café Central

Cultura, o tema fantasma

A ausência de debate em torno daquilo que mais existe de básico – a Cultura, erradamente colada à visão dos camarotes do Teatro São Carlos – condena o País ao marasmo

Henrique Costa Santos
Café Central

Futuro? Afuera!

Os populistas modernos aí estão: falam como quem está fora do sistema (por mais que floresçam lá dentro), sem medo da elite (por mais que a elite os financie) e prometem resgatar a “ordem” (financeira, social, os bons costumes) perante uma população cansada

Henrique Costa Santos
Café Central

Ninguém ganha nada com isto

Só ganha com este nevoeiro a fação do extremismo. Quem perde é a Democracia. Aqueles que, por não gostarem de António Costa, pensam ter aqui uma boa notícia estão desligados da realidade

Henrique Costa Santos
Café Central

O Summit que merecemos

Sem desprimor para a indústria da bifana, acredito que a Web Summit ganharia em tornar-se numa conferência de tecnologia capaz de emancipar o talento e a criatividade a partir daquilo que existe por cá, na ciência, na inovação, na cultura

Henrique Costa Santos
Café Central

Miss Humanidade

Se, infelizmente, não é surpresa que a eleição de uma mulher transgénero neste concurso traga à tona o pior do lodo nas caixas de comentários, não imaginei tamanho festival de desumanidade nos canais convencionais

Henrique Costa Santos
Café Central

A maioria das pessoas

Tratar esta manifestação como qualquer outra, avaliando-a pelo número de participantes, é não querer compreendê-la. O sufoco daqueles que mais têm sofrido, em silêncio, com a onda interminável de crises dos últimos anos tem disseminado uma revolta que começa a fazer-se ouvir. Estes milhares são, na verdade, milhões de pessoas

Henrique Costa Santos
Café Central

Feng Shui para quem não tem casa

A situação a que chegámos resulta da negligência prolongada e de uma fé na ideia de que o mercado se autorregula

Henrique Costa Santos
Café Central

Solidão

Individualmente, precisamos de acordar para o mundo à nossa volta: família, amigos, colegas, os rostos que compõem a nossa comunidade. Não adianta “acreditar em nós” se não acreditamos nos outros

Henrique Costa Santos
Café Central

Musk e Zuckerberg na Estrada da Ameixoeira

Se a batalha entre Musk e Zuckerberg envolver recuperar o modelo dos velhos duelos de honra (ilegalizado em 1852), onde dois homens se batem de mãozinha na cintura e florete em riste, com testemunhas seríssimas de chapéu e bengala, até que um dos mosqueteiros golpeia o oponente no ombro ou lhe vaza uma vista, por mim pode ser. Com uma condição...

Henrique Costa Santos
Café Central

Carta aberta ao sr. Pieter Levels

Os jovens portugueses têm feito de tudo para inflacionar os preços nos centros urbanos. Os sucessivos governos anti-nómadas digitais subiram de tal modo os salários no país que as famílias portuguesas se dedicam exclusivamente à especulação imobiliária. A ironia de Henrique Costa Santos, em mais um Café Central

Henrique Costa Santos
Café Central

Desculpe, este kizomba é seu?

O debate sobre as colunas portáteis configura um debate clássico sobre liberdades e os seus limites. Como no tema da liberdade de expressão, tão em voga, acabamos muitas vezes a tê-lo num ping-pong entre quem acredita em liberdades absolutas e quem vê na interdição todas as chaves do Totoloto

Henrique Costa Santos
Café Central

Ó meu rico Parlamento Europeu

Sem um esforço pedagógico para promover uma noção ampla da importância do voto, em especial num momento tão decisivo para o futuro das democracias europeias, levar as urnas para a praia não resolverá o problema. Muito menos rezar aos santinhos

Henrique Costa Santos
Café Central

Dar cabo da boa esperança

Nos túneis do Metro de Lisboa, onde as obras e a falta de alternativas têm ditado o caos, ecoa a sensação de desprezo por quem cá vive e trabalha todos os dias. O problema não são as obras, que nalgum momento têm de ser feitas. É a negligência

Henrique Costa Santos
O Estado e a liberdade de Imprensa
Café Central

Mexicanização à portuguesa

A alimentação incessante de escândalos – ora pelos seus protagonistas, ora pelo sensacionalismo mediático – está a instalar a perceção de que o País é uma balda, governada por incompetentes e intriguistas. O que obviamente não é verdade. A vida real do País não é o SMS que vai parar aos jornais

Henrique Costa Santos