Café Central
Dar cabo da boa esperança
Nos túneis do Metro de Lisboa, onde as obras e a falta de alternativas têm ditado o caos, ecoa a sensação de desprezo por quem cá vive e trabalha todos os dias. O problema não são as obras, que nalgum momento têm de ser feitas. É a negligência

Mexicanização à portuguesa
A alimentação incessante de escândalos – ora pelos seus protagonistas, ora pelo sensacionalismo mediático – está a instalar a perceção de que o País é uma balda, governada por incompetentes e intriguistas. O que obviamente não é verdade. A vida real do País não é o SMS que vai parar aos jornais

Aeroporto Internacional D. Sebastião
Pago a minha parte dos impostos, a minha família também, confiando nos técnicos contratados para fazer o seu trabalho. Assim, olho para esta eterna Busca do Vale Encantado como ilustração máxima da inércia nacional

Não há Tik sem Tok
Se algum influencer do TikTok estiver a ler isto, faça o favor de recomendar a bíblia da Shoshanna Zuboff, o “Weapons of Mass Destruction” da Cathy O’Neil ou o “Capital no século XXI” de Thomas Piketty. Enquanto o estranho caso do balão de espionagem TikTok evolui, ou não, tenho a certeza de que todos estes livros darão umas belas coreografias. Vai ser viral

Agasalha-te, David
Se o ultraconservadorismo é um fenómeno global e tem os seus líderes, a culpa também é dos ultratolerantes que aceitam o atropelo do bom senso, para evitar problemas. Pelo sim, pelo não, agasalha-te, David. Não queremos arreliar ninguém

Não são as cebolas que fazem chorar
A subida dos preços no setor da alimentação é o principal vetor da inflação no país. Segundo a DECO, as frutas e os legumes, por exemplo, subiram perto de 35% no espaço de um ano

Proprietários de todos os países, uni-vos!
A avaliar pelos argumentos expostos nos painéis de comentário, vários dos mais sonantes líderes de opinião não vivem, não sentem – nem fazem o suficiente para conhecer – os problemas enfrentados pelos portugueses comuns nesta crise

As desculpas não se pedem
A total desproteção dos imigrantes não-europeus em Portugal - agravada no caso dos trabalhadores do Bangladesh, da Índia, do Nepal, do Paquistão - choca-nos e revolta-nos, caso a caso, acendendo pavios sempre curtos e inconsequentes

Uma ministra pode ter 34 anos?
A crise na Habitação em Portugal resulta de décadas de negligência e más políticas. Que papel terá a idade dos sucessivos decisores neste contínuo desastre?

Tem a palavra o Dr. Robô
O progresso da Inteligência Artificial é tão fascinante quanto assustador. Nos últimos anos, os robôs testemunharam a sua própria e vertiginosa mobilidade social: passaram de lavradores, escavadores e empilhadores a académicos, compositores e advogados

Meter os papéis para a reforma da Educação
Descentralizar o recrutamento de professores é essencial à missão da escola pública. Num bairro problemático lisboeta, ou numa aldeia em Beja, os alunos têm necessidades diferentes. Logicamente, os perfis dos professores devem corresponder

2022: normalidade enganosa
Lembra-se de quando 2020 ganhou o título de annus horribilis? Mal sonhávamos nós. O calendário que agora se inicia promete continuar a estar à altura deste desígnio. Vai doer. A crise económica e as tensões internacionais, com a complexificação do xadrez global, permitem antecipar um ano duro, com carências, tumultos e contestação social

Duas jovens à conversa
Estamos a léguas de vencer a ideia de que o político por excelência é o sisudo strongman

Qatar do Alentejo
De pouco nos vale pedir comentários aos governantes sobre os direitos humanos no Qatar, seguir hashtags e influencers, vestir a t-shirt da Amnistia, se assobiamos para o lado quando a escravatura joga em casa

Grande Alucinação
De acordo com um estudo da Associated Press-NORC, um terço (32%) dos americanos acredita hoje que existe um plano obscuro do Partido Democrata para deixar entrar imigrantes não-brancos no país e tomar controlo. Um terço. É, além do mais, uma ideia assassina

Amanhã vai ser outro dia
Os próximos tempos serão duros, avizinham-se dias de alerta, e é provável que o ódio tente fazer das suas. Ainda assim, este é sem dúvida um dia de festa para a democracia e um rasgo de esperança

Não há fome que não dê em silêncio
Se a importância da redução do défice e dívida pública é consensual – objetivos para os quais o presente Orçamento do Estado é manifestamente vocacionado -, a pergunta aqui é então: quem paga? Num país de desigualdades crescentes, num contexto em que as grandes fortunas se agigantam, fará sentido imputar o custo aos mais vulneráveis?

Portugal na vanguarda da poupança energética
O português médio já faz praticamente tudo o possível para poupar energia, estando habilitado a dar workshops Europa fora. Com alguém natural da Covilhã, ou de Bragança, à frente do Plano de Poupança Europeu, a União Europeia reduziria facilmente a fatura energética para metade

O mito da silly season
Quatro contos verídicos à despedida do nosso querido mês de agosto, para provar que a silly season não existe

Nada a esconder
Aparentemente, nem o “país mais feliz do mundo” se escapa ao bafio do moralismo conservador: uns criticam porque uma primeira-ministra (com a agravante de ser mulher) não se comporta assim; outros porque, ao comportar-se assim, perde a credibilidade. Como pode alguém perder a credibilidade por ser normal? Henrique Costa Santos sobre a polémica dos vídeos que mostram a primeira-ministra finlandesa numa festa

Ninguém quer trabalhar
De nada nos servirá a velha cantiga do “vai trabalhar, malandro!”, de que o povo não quer trabalhar porque é preguiçoso, porque recebe subsídios ou porque não passa recibos. Está na altura de olharmos para o ponto crucial da questão: que empregos são estes?
